domingo, 23 de dezembro de 2012

Alice

PREFÁCIO

Fascinado por musicais e com aspirações literárias, Greg está no último ano do ensino médio e ainda não tem a menor ideia do que pretende cursar na faculdade. Introspectivo, abalado pela morte do pai e recém-chegado à São Paulo, ele passa por um difícil período de adaptação. As coisas parecem melhorar quando a mãe de Greg o matricula em um curso de fotografia, onde ele conhece Alice, uma garota fascinante e de beleza não-convencional, que o encanta à primeira vista e lhe faz entrar em contato com sentimentos que ele até então sequer sabia que existiam.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Boa noite vizinhança

"Quando, com um passo, tu ficas dois passos mais distante, é porque ela também está indo embora."
Obrigado. É, chegou a hora de dizer adeus, e te agradecer me pareceu a forma mais singela de fazer isso sem ser rude ou algo do tipo. Acho que o comprometimento nunca chegou a ser o nosso forte, e foi aí que pecamos. Apesar disso, te agradeço. Obrigado pelo gole de café, e, acima de tudo, pelos vários cafunés.
Confesso que é estranho começar a traçar planos e ver que você não está mais envolvida neles. Confesso que é difícil tentar uma aproximação e acabar me afastando cada vez mais. E foi acontecer logo comigo, que nunca gostei de despedidas e nem de longas distâncias. Prepóstero.
Esses pedaços de mim espalhados pelo teu caminho eram para você se guiar. Pena que você recusou ajuda. Você recusou ser ajudado e recusou o que eu tinha para te oferecer. Para você foi pouco. Tudo que foi feito, foi pouco. Tudo que foi dito, foi pouco. Para mim, foi muito. E é aí que a gente se diferencia.
Ei, espera. A nossa música ainda não terminou, e eu realmente não queria cantar sozinho. Sei que você prefere ir, mas não é assim que deveria ser. Eu só não queria dizer adeus, mas a verdade é que eu cansei de esperar por alguém que eu sei que não vai mudar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Carta ao homem invisível

Hoje eu resolvi falar sobre a invisibilidade. Sim, o fato de eu ainda não ter conseguido entrar no teu campo de visão incomoda, e me faz querer escrever sobre isso toda vez que eu encosto o lápis no papel. Hoje eu sou capaz de dizer que a solidão machuca, mas não tanto quanto a invisibilidade. Afinal, cadê você que não me vê?
Esqueça a invisibilidade engrandecida pelos filmes, não é disso que estamos falando. A invisibilidade real é tão clichê que na maioria das vezes passa despercebida, e é aí que está o problema. Perdidos e com medo, diante de um ciclo ininterrupto de oportunidades desperdiçadas, a gente se ausenta. E a gente se ausenta tanto, que uma hora deixamos de fazer falta. Começa aí o princípio da invisibilidade.
Diferentemente de você, a saudade se faz presente. E por mais que você se recuse a acreditar, a invisibilidade realmente está relacionada com a saudade. Não posso afirmar que sinto saudade, afinal não te vejo há tempos. E saudade não é vazio, é presença; presença de algo que não está mais ali. Justamente por não te ver, eu te sinto.
Fui obrigado a dar uma pausa. Eu estava enlouquecendo de tal forma que, para tentar me livrar desse "complexo de invisibilidade", decidi transcrever meus pensamentos sobre aquilo que julgamos invisível. Estava quase amanhecendo, o lápis já estava sem ponta e minha caligrafia trêmula indicava que o texto, infelizmente, ainda não possuía previsão de término.
Caminhando ao lado da saudade e seguindo o caminho traçado pela invisibilidade, eu me perco. O incrível é que, indo de encontro ao fluxo principal de toda essa invisibilidade, eu me enxergo. Não sei quanto tempo essa sensação vai durar, mas também não tenho com o que me preocupar, afinal, essas são as vantagens de ser invisível.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Infinito - O manifesto

Eu nunca fui de lembrar, por isso decidi escrever. Em um primeiro momento, a ideia de manter meus pensamentos arquivados em simples pedaços de papel parecia realmente interessante. Hoje, ao olhar para estes papéis espalhados pelo chão, percebo o quão desconexos estavam meus pensamentos nestes últimos meses. Ao entrar em contato com essa atmosfera exorbitante proporcionada pelos meus próprios versos, vi que palavras, por mais insignificantes que possam parecer, são armas com um enorme poder de alcance (ainda assim, não suficientes para te alcançar).
Em tempos remotos, a luz do Sol chegou a me cegar, hoje, ela não queima nem se faz sentir. As palavras sentenciaram-me à reclusão, e me sinto cada vez mais preso aqui. Aliás, caminhando por este farol da solidão, vejo que o que eu senti há um tempo atrás, nunca mudou, nem vai mudar. Daqui, eu não vejo mais o pôr-do-sol, mas, pela primeira vez, consigo ver o futuro como se fosse uma pintura postada na minha frente. Em meio à tempestade, consigo analisar as pinceladas, as cores e todas as nuances pretendidas pelo artista. É tão real e imediato que parece o presente. É o tal horizonte infinito.
Confuso diante de um emaranhado de metáforas incompletas, eu vi que o céu é só mais uma ilusão. Aqui em cima, não importa para onde você aponte, vai ser sempre céu. Daqui, a todo momento caem caixas pesadas, contendo toneladas de decepções, prontas para atingir a cabeça daqueles que não ousam olhar para cima.
Estranho é olhar para o papel e ver que continuo a escrever sobre fatos abstratos, dos quais desconheço. Mas, diferentemente da maioria, eu vejo sentido no abstrato, e sim, vejo simplicidade naquilo que muitos convencionaram chamar de "complexo". Complexa é a Libélula, que possui seis pernas e mesmo assim praticamente não consegue andar com elas. Por isso ela desenvolveu dois pares de asas semitransparentes, para ver o mundo lá de cima e, assim como eu, contemplar sozinha a imensidão.
Ainda referindo-me à complexidade, resolvi me despedir do real. Pretendo embarcar em mais uma aventura cinematográfica, dessas que espalham elementos abstratos e eliminam tudo aquilo que é tateável. Mas não se preocupe, pois a mão que hoje acena na partida, é a mesma que escreve incansavelmente, buscando mudar o roteiro deste filme, que por anos só soube retratar a solidão.

domingo, 4 de novembro de 2012

distância.

Me pediram para falar sobre distância. Em um primeiro instante, hesitei, pois falar sobre este assunto remete-me à uma nostalgia engraçada, quase como daquela vez em que procuramos um ao outro, sem sucesso. Separados pelo destino, vagamos subitamente por um mar de músicas reclusas, repetidas infinitas vezes pelo "modo aleatório" mais perverso que poderia existir. Dentre as repetições, algo saltou-me os olhos. E não, não foi a enorme quantidade de músicas que parecia nos descrever, mas sim a quantidade de vezes que a palavra "distância" aparecia perdida no meio dos mais diferentes versos.
Após a hesitação inicial, resolvi adentrar-me nessa premissa menor que diz que a distância é necessariamente algo que separa dois pontos. Descobri que distância não é a medida da separação de dois pontos. Não havia distância entre nossos corpos, mas mesmo assim estávamos longe. 
Me pediram, então, uma definição para o termo "distância". E quem pediu, não queria uma resposta abrupta. Queria algo abrangente, que lhe fizesse refletir sobre tal significado. Desde então, ando pensando assim, em círculos, com respostas dentro de perguntas. Mas nenhuma pergunta é grande o suficiente para comportar a resposta que eu procuro. Assim, me pego pensando nessa distância singela, que me separa de forma significativa daquele mundo que um dia eu chamei de real. 
Depois de tanto refletir, sou obrigado a afirmar que distâncias são histórias que a gente conta com os olhos, e, bom, não vejo teu rosto, nem tua maquiagem, nem teus cílios enormes. Você acha que fico me perdendo em detalhes, mas olho para dentro de mim, e é daqui que vejo o que há dentro de ti. A distância está aí, para ser vista. E eu caminho ao lado dela, sabendo que, ao final de tudo, você vai ouvir falar de nós.

domingo, 21 de outubro de 2012

máscaras.


Trancado dentro de um mar de solidão, eu me escondo. Me coloco debaixo de todas essas ilusões e mascaro a minha própria realidade, na tentativa de não ser visto novamente. A máscara que criou-se ao meu redor, hoje estampa a incerteza que nossa vida se tornou. Essa máscara não me impede de ver o que andas fazendo comigo, já que toda máscara tem duas aberturas na área dos olhos, para que, mesmo quando privamos o mundo de ver nossa verdadeira face, consigamos, ainda assim, enxergar. 
No entanto, são justamente os olhos que desmentem as máscaras. Eles estão e estarão para sempre lá, descobertos. E eu, da mesma forma que você, mesmo vivendo em um interminável baile de máscaras, já aprendi a olhar através da porcelana, para fitar os olhos tristes que estão logo acima do sorriso radiante. Porém, o que eu enxergava era tão bonito que me parecia apenas a mais bela máscara do baile, uma plástica distração que me transformaria em um mero fantoche, hipnotizado por aquela face que ostentava dolorosa beleza. Até hoje apalpo teu rosto procurando emendas, desníveis, vestígios de cola ou encaixes bem-feitos. Sem sucesso algum. 
A emenda, constitui um círculo vicioso, que te transformas em algo que há tempos não és. O desnível, te faz subtrair emoções que há tempos não possuías. Os vestígios são falsos, e não mais existirão. A máscara, que hoje mostra teus olhos e aflige teu coração, faz com que o encaixe permaneça bem-feito, tal como o encanto descrito nos olhos daquela que um dia, já se fez entender.
Me deixei ser levado por tamanho encanto, e hoje sigo flutuando em simples nuances de voz, sussurros inesperados e intrincados escritos, apenas esperando por uma máscara que, por meia-hora que fosse, me fizesse sentir como na meia-hora seguinte.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

insônia.

Não existe realidade. O que existe, é um ciclo de subjetividade, formado pelas almas mais solitárias do universo. O que existe, é um verbo transitivo que implora por um complemento que nunca virá. E se eu te disser que este verbo é você?
Por aí ainda existe um garoto que todos os dias procura a menina do all star azul, mesmo sabendo que ela anda distante. Seu all star, preto e surrado, contrasta com seus olhos, que aparentemente brilham sem motivo. Pois é, estranho seria se eu não me apaixonasse por você. Estranho seria se eu não me deixasse levar por você. E sim, eu existo. Só você ainda não se deu conta.
Se hoje crio universos paralelos para tentar dizer meias palavras, é porque a objetividade me limita. Se as palavras navegam a tua volta, é porque elas descobriram que se te abordassem diretamente, você provavelmente as rejeitaria. Se hoje a solidão aqui não se fez presente, é porque ela enfraqueceu perante a pequena margem de erro. Tão pequena quanto as chances dessa loucura dar certo. Mas, de que me servem as palavras quando a vida é vista em vão?
Em apenas uma noite, a ventania trouxe tudo que estava por perto. Olho ao meu redor e vejo que tudo está deserto. Percebo que no fundo, meu coração estava certo, e só você não estava perto. Do ponto mais alto da cidade, meus olhos te encontram, e eu ainda te observo, procurando por um cadarço que há muito tempo me havia sido roubado, e que, estranhamente, foi parar no teu all star azul.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

silêncio.

Essa carta te escrevo, mas palavras não quero te dizer. O silêncio fala por mim. Sim, perdemos a conexão e o volume está voltado para o zero, fruto da interferência existente entre nós dois. O silêncio ameaçou ir embora, porém virou a esquina e nos acertou diretamente no peito. Baita desilusão.
Eu lembro como tudo aconteceu. Era um dia chuvoso, e a depressão aproximava-se rapidamente, martelando repetidas vezes cada esboço de sorriso que havia em nossos rostos. Ouvíamos Smiths e examinávamos as músicas, procurando um ao outro nos versos. E éramos capazes de nos encontrar. Porém não foi suficiente, e sinto muito por isso. A música foi diminuindo, e logo o silêncio chegou, tomando conta das lacunas que existiam entre nós.
Encosto a cabeça no teu ombro, procurando conforto depois de tamanha decepção. Silêncio. Nada se diz e nada se ouve. Nada se cria e nada muda. Aliás, confesso que essa estagnação me incomoda. Diferentemente de tempos atrás, quando tudo era reconfortante, hoje eu não me sinto mais tão seguro quando olho nos teus olhos procurando a saída das coisas que me afligem. Esse silêncio dói.
A estação mudou. O frio chegou, e junto com ele, vieram as incertezas. Junto com o frio, veio o amor. Mas não o nosso amor, afinal esse nosso amor sempre esteve aqui ao lado, a gente só evitava encontrá-lo, pois preferíamos nos amar em silêncio. O horário também mudou, e infelizmente, não é mais a nossa hora. Mudou o tempo. Mudou o clima. O silêncio permaneceu.

domingo, 23 de setembro de 2012

vírus.

Sala lotada, um calor intenso, as pessoas agitadas começavam a se irritar. O burburinho crescia:
- Meu Deus, o que é isso?! - gritou a mulher com o bebê no colo.
Após o grito, um silêncio ensurdecedor tomou conta da sala. As pessoas se entreolhavam com perplexidade, sem entender o que estava acontecendo. Em poucos segundos, todos os olhos estavam voltados para a mulher que havia proferido o grito. Ela parecia alucinada, estava arrasada e chorava compulsivamente.
A curiosidade já tomava conta de todos que estavam no local, quando ouviu-se a seguinte frase:
- Como assim deu positivo? É impossível. Isso tem que estar errado - A mulher acabava de descobrir que havia contraído o vírus HIV. Em pouco tempo, sua vida mudaria completamente, e ela obviamente não estava preparada para isso.
Muitas pessoas que acompanhavam essa cena começaram a se emocionar, enquanto o desespero da mulher ia aumentando gradativamente.  O caos tomava conta do hospital, e alguns médicos tentavam acalmar a moça, mas sem sucesso. O silêncio já não existia mais. No lugar do silêncio, ouvia-se a voz dessa mulher, somada ao choro do bebê que estava em seu colo.
Após receber essa notícia, o olhar da mulher parecia distante. Seu coração palpitava fortemente, causando a sensação de que sairia por sua boca a qualquer momento. - Por que? Por que? Por que? - ela questionava incessantemente. Era uma pergunta retórica. Ela sabia muito bem quais atitudes haviam lhe colocado nessa situação perturbadora, só não queria admitir. O arrependimento veio à tona, já que tudo era fruto da vida fútil que ela levava anteriormente, e que a partir de agora, vai se arrepender amargamente.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

frases engasgadas.

Sem introduções desta vez. Não leve a mal, mas não tenho tempo para isso. Olho no espelho e vejo alguém sem saída. Me procuro e não encontro nada. Sou a ponta da loucura, que se mantém iluminada. Sou um resto de esperança à beira dessa estrada. Observo os versos e percebo que são só palavras jogadas aleatoriamente, quase como naquela vez em que nos encontramos sem querer, e que você provavelmente nem se lembra mais. Eu lembro. Eu sempre vou lembrar.
São tantos momentos que deveríamos recordar, mas não o fazemos, afinal estamos ocupados demais trilhando um caminho que nos levará à lugar nenhum. E é nesse lugar que os versos ganham sentido, mas o caminho é longo, e, infelizmente, o sofrimento não é opcional. Diante de tantos obstáculos, ter você aqui me remete ao tempo em que as coisas eram mais simples. Eu vou rezar para esquecer, pois não quero lembrar do que eu fui para você. Mas você não vai deixar. É, você não vai deixar.
Mesmo que o sol tente aquecer, dentro de ti está tão frio. Aliás, a temperatura cai gradativamente, e eu não sei lidar com isso. Talvez esse seja nosso único ponto em comum, já que todo o sangue que nas minhas veias flui, ainda não conseguiu aquecer meu coração. E dói demais saber que nada disso existe. Dói demais ver que a ilusão se engrandeceu novamente.
Se eu te disser que eu não vou mais voltar, é porque eu cansei de agonizar, e provavelmente não suportei a dor. Se eu te disser que eu não vou mais voltar, é porque a verdade passou diante de meus olhos, e num raro surto de felicidade, eu me joguei de cabeça nessa piscina de sentimentos, sem medir a profundidade. Se eu te disser que eu não vou mais voltar, por favor não me procure, pois o que hoje você vê, é apenas um olhar, daquele que quer viver em um sono profundo.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

nada.

Parou em frente ao espelho e observou o teu semblante por horas. Tentou decifrar alguns enigmas que estavam escondidos sob a pele, só não conseguiu perceber que os enigmas estavam por todo lugar, inclusive onde ele menos esperava.
O brilho, dos olhos desapareceu, perante o esquecimento inevitável. O grito, com o tempo emudeceu, perante um sentimento insustentável. O sorriso, do rosto desapareceu, perante o sofrimento incontestável. Irreal. Surreal. Inabalável. Os diagnósticos possíveis são muitos. Os prováveis são alguns. São várias as teorias e elas vem de todo lugar, mas só uma realmente importa. E não, eu não falo da dor. Eu falo da angústia que é não sentir nada. Eu falo da vontade perturbadora de saber quanto dura a abstinência do nada.

São diversas noites de auto-medicação. Se expôs à uma amnésia auto-conduzida, numa tentativa desesperada de tentar evitar a explosão. Mas o óleo já estava prestes a se encontrar com as faíscas. E será luminosa a explosão, assim como o meteoro que visita meus sonhos toda noite, no exato momento em que meus olhos ameaçam encontrar as órbitas.
Sim, a incompatibilidade com o restante do universo incomoda, e às vezes parece que isso é apenas um capricho da vida, que tenta te fazer acordar e refletir a respeito dessa tamanha desilusão. Mas cá estamos, desiludidos e desamparados, esperando a salvação que não virá do céu. Do céu, só virá a chuva, com a função de misturar-se às lágrimas que caem continuamente dos nossos olhos. 

sábado, 25 de agosto de 2012

amor.

Tivemos uma sequência de dias para buscarmos as estrelas. Tivemos minutos incontáveis. O impossível tornou-se provável. A esfera dos sonhos tornou-se inalcançável perante os olhos daqueles que um dia tiveram esperança. Nosso mundo adoeceu, e já não quero mais estar aqui.
Todos os problemas que hoje nos perseguem, todos eles, absolutamente todos eles foram causados pelo amor. Ao fim dos dias, quem irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? Nossos sentimentos conflitam com nossa mente, e isso nos confunde. Isso nos machuca pra caralho. Mas o pior de tudo é saber que essa dor nunca passa, afinal não inventaram um antídoto para o amor. Alguns tentam odiar. Outros tentam mascarar o sentimento. Mas todos eles acabam caindo em tentação, e não percebem que o amor irá nos separar, de novo.
O amor nos tira a liberdade de expressão. Eu já não sei mais me expressar. Me perco entre pontos de interrogação. Não sei mais diferenciar uma vírgula de um ponto final. Vivo cercado de incertezas, além das falsas promessas, claro. Por que fugiram com a razão e me deixaram aqui, sozinho com meu coração? Não se mais como proceder. Não, eu não sei lidar. Não sei para onde ir, ou quais decisões devo tomar. Só sei que o que importa, não me importa, e importante eu já não sou. Por isso me entreguei ao amor. Por isso me entreguei a ti. Pena que só tu não enxergas desse jeito. Mas quem sabe esse não seja o plano do destino, nos manter separados fisicamente, mesmo que continuemos nos encontrando mentalmente. Talvez esse seja o plano, já que vivemos no mundo dos corpos perdidos, um mundo de amores não correspondidos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

sinto muito blues.

Tentei tantas vezes seguir você, mas cada vez que eu te encontro, eu me perco mais. Cada vez que eu te encontro, percebo que estás tão perdido quanto eu, ou até mais. Desculpa dizer, mas não tenho escolha: hoje você é apenas um retrato daquilo que costumava ser.
Através dos teus versos, tentei buscar um significado para a minha existência, mas encontrei diversos erros espalhados, bloqueando o caminho que me levaria às respostas. Milhas e milhas tentei percorrer. Pensei em desistir. Optei por desistir.
Afinal de contas, quem é você que eu não esqueço? Por que continuas no meu pensamento mesmo depois de todo esse tempo? Assisti tua mudança. Acompanhei a transição. Eras um menino confuso. Tornou-se um homem barbado que transpira confusão e bebe saudade. Saudade do tempo em que existia alguém para lhe dizer que tudo vai passar. Saudade das verdades que não existem mais. Saudade do tempo em que ser relevante ainda importava, ou do tempo em que tua complexidade não era vista como loucura. Saudade de tempos mais simples, onde as palavras possuíam sentido.
Sei que não sou o primeiro, nem serei o último a falar. Também sei que nada vai mudar. Continuarás a ser essa pessoa que tem medo de seguir sozinho. Continuarás a ser essa pessoa que por viver sozinho, não se apega a nada. Continuarás a ser só um rascunho daquele que um dia sonhou ser, mas ao fim dos teus dias, eu sei quem você vai chamar, ou quem você vai ouvir. Não se preocupe em saber quem sou. Talvez um dia eu te encontre por aí.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

laços.

Talvez a origem de todos esses problemas que nos assombram constantemente estejam nos laços que foram criados tempos atrás. É algo tão cruel quanto o mar, mas muito mais inconstante do que as ondas por ele proporcionadas. É algo que se esconde atrás de uma nuvem repleta de nebulosidade, e que permanece tão distante quanto as estrelas que eu tinha o costume de contar.
O 'talvez' passou a ser uma palavra repetitiva no vocabulário daqueles que criaram laços. A busca por algo que pudesse romper tal compromisso passou a ser o objetivo principal dessas pessoas. Uma busca por algo até então inexplorado, uma corrida de exploradores cristãos, a viagem à origem dos fatos, pobres exploradores que pedem perdão. Eles criaram laços. Eles se apegaram as pessoas e não aos momentos. Eles sentem saudade. Saudade do tempo em que a complexidade tinha um sentido diferente daquele que tem hoje. Saudade do futuro. Saudade do tempo em que existia amor.
Olhei para o horizonte na tentativa de encontrar algum motivo para essa busca incessante, mas falhei. Hoje tudo que eu faço é observar e admirar. Temos que admirá-los, afinal eles seguem entrelaçados, e lutando em busca de algum sentido, mesmo que no canto mais profundo de suas almas eles saibam que essa busca jamais vai possuir um ponto final. No fim, são só exploradores tentando fugir da depressão, mesmo que suas almas continuem a implorar pelo perdão.

sábado, 4 de agosto de 2012

vazio existencial.

Hoje eu fui apresentado ao verbo 'existir', mas me perdi diante da complexidade existente por trás desse verbo. Durante toda a minha vida, eu passei distante do verbo 'existir', mas me familiarizei com a expressão 'vazio existencial'. Dúvidas sempre me rodearam, e eu já não consigo mais viver em dúvida. Por que tantas questões sem respostas? Para que todas essas bifurcações? Cadê o sentido por trás da nossa pseudo existência?
Um olhar de misericórdia que chega aos pés dos raios solares. O jovem humildemente lhes pede perdão. Perdão por desacreditar no universo e perdão por todo esse falso moralismo jogado sobre nós durante todos esses anos. Bom, eu não sei mais perdoar, o dom do perdão foi tomado de mim há muito tempo, durante o período em que vagava sob o vazio existencial. Não, eu não posso mais pedir perdão, e nem vocês. Eu existo dentro das condições que me foram oferecidas, minha alma segue vagando sem rumo, sob esses olhares misericordiosos dos tolos que acham que sabem perdoar. No fundo, tudo isso é apenas um circo formado por todos eles, e não há volta. O abismo tomou conta da criação, fomos superados, fomos dizimados. Não há mais quem peça perdão, e muito menos alguém para ser perdoado. Não há amor. Não há mais nada além de um destino repleto de questões incessantes, um destino controlado pelas mentes mais obscuras do universo, um destino que segue ditando o rumo do nosso vazio existencial.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

explosão.

Apesar da sensação de eternidade, apenas um minuto se passou. Não percebi, pois ali você estava, me encarando, mesmo que não diretamente. Através dos teus olhos, enxerguei um futuro duvidoso, e não sabia mais se queria estar ali. Me entreguei, mas não foi suficiente, afinal nunca é, já que a vida sempre exige mais do que nos é capaz de oferecer.
Caminhei sem rumo por alguns minutos, mas voltei a te encontrar. Você estava nos meus pensamentos, e de lá nunca saiu. Você também estava presente em cada rabisco que eu fazia em meu caderno, ora escrevendo teu nome, ora desenhando teus olhos. Desisti de me importar, apostei nesse futuro que apesar de incerto, me parece ser a melhor das escolhas, pois você vai estar lá comigo. 
Eu olho já sem apego para as paredes, os móveis, os livros e as memórias que me mantiveram por muitos meses longe dessa sensação de explosão iminente. A bomba relógio está ligada, e eu não ligo mais para a explosão, contanto que eu esteja aqui, para sentir o mergulhar dos teus estilhaços na minha pele.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

mr confusion.


Hoje eu acordei meio Lucas Silveira, e não gostei da sensação. Posso afirmar-lhes que passei a enxergar o mundo de uma maneira diferente, mas não necessariamente melhor. Sinto coisas que eu não estava habituado a sentir. Eu vivencio coisas que eu jamais sonharia em viver, pois eu tinha medo de ser sentenciado à reclusão por todos esses sentimentos que hoje controlam o meu coração.
Reclino a cabeça e fito um ponto aleatório no céu, talvez sejam as estrelas, mas elas não estão mais lá. Não interessa o que está lá, mas é lá que eu permaneço, apenas observando e sentindo esse vazio que hoje ecoa incessantemente dentro de mim. Hoje eu desaprendi a lidar, ou talvez eu simplesmente nunca tenha aprendido. Me sinto perdido entre pensamentos e memórias reclusas, que já dão sinal de desgaste e me fazem transformar acontecimentos simples em superproduções, eventos cinematográficos.
Eu sempre quis essas histórias imperfeitas para contar, e busquei isso nos filmes, já que eles sempre serviram de base para os meus dias. Esse foi o principal motivo para buscar o papel de protagonista na minha própria vida. Eu já estava cansado de ser o coadjuvante da história e estava cansado de ver o destino escapando por entre meus dedos. Estava disposto a fazer cada momento virar a mais incrível das aventuras, mas eu esqueci que o drama e o suspense continuam a ser os estilos que mais ditam o tom dessa jornada desarmoniosa que eu chamo de vida.
Eu acordei absolutamente confuso e por alguns instantes me senti escravo de minhas próprias palavras. Mas essa sensação não durou muito pois logo percebi o quão insignificantes parecem as palavras quando comparadas a algo muito maior. Descobri que as palavras são como nós, pequenas demais na imensidão das galáxias. Mas também descobri que preciso montar um caminho repleto de palavras para chegar ao tal horizonte infinito, pois só elas me permitem chegar a esse 'algo maior' que hoje eu passei a chamar de sonho.
Hoje eu senti algo diferente ao olhar para o céu. Senti como se eu fizesse parte do ar e percebi que o céu me atrai bem mais que o chão. Acordei também com a estranha vontade de me tornar astronauta. Talvez esse seja mais um daqueles devaneios incertos que a vida nos proporciona, e que me traz de volta àquela velha história de transformar as coisas simples em acontecimentos bizarros. Talvez eu queira ser um astronauta simplesmente para poder te enxergar milhões de vezes menor, sem ter a certeza de onde você está e assim evitando todo o mal que você me faz. Talvez eu queira ser um astronauta apenas para poder provar que a Terra não é azul, já que daqui eu só vejo cinza, mas eu não sei ao certo, já que hoje eu acordei repleto de dúvidas que antes eu não possuía.
Olho para mim mesmo e me procuro, mas eu não encontro nada. Tudo o que vejo são zilhões de pontos de interrogação percorrendo minhas veias, e cada um deles me leva para um caminho diferente. Eu sei que eu nunca fui daqueles que fazem sentido e por isso me sinto confuso perante o meu próprio ser, sinto que estou em busca de algo que sequer existe. Passei a me perguntar qual seria a razão para tanto mistério, e mais uma vez fui obrigado a reconhecer a influência dos filmes sobre o meu ser.
De repente a minha vida parece ter escurecido, mas quando eu fecho os olhos, nenhuma luz se apaga. Me deparo com a solidão, que sempre andou ao meu lado, mas que hoje se faz mais presente do que nunca. Encaro a parede e tudo o que ouço são meus batimentos cardíacos (que continuam acelerando conforme dúvidas vão surgindo) misturados à minha respiração (que se torna ofegante diante de tanta confusão). Lucas, afinal que silêncio é esse que não é cessado pela tua voz? Esse silêncio é perturbador, mas me faz sentir vivo. E é desse canto escuro (ouvindo os ruídos da solidão) que eu te observo, estudando a língua dos olhos e percebendo que eu realmente estou tão perdido quanto você.

céu.

Cheguei a conclusão de que não pertenço a lugar algum. Eu não sei que direção tomar ou quais ventos me guiar. Sou apenas um pirata sem bússola. Sou apenas um marujo que usa remos. Navegar sempre foi tão devagar e isso me fez sinceramente preferir os pássaros. 
Se a liberdade tivesse uma cor, ela seria azul. Ahhhh o azul . . . Tudo fica tão bonito de azul, até mesmo as lágrimas hoje desenhadas são mais belas de azul. Aliás, quem diria que a tristeza fosse capaz de possuir beleza? Mas eu ainda prefiro o céu. Acho que queria ser uma nuvem. Já fiquei me perguntando como deve ser a sensação de estar lá de cima, apenas observando a imensidão formando-se bem na frente de nossos olhos.
Pássaros. Definitivamente pássaros. Imagina poder voar para qualquer lugar, imagina poder fugir de tudo que está sobre a terra, sentir o céu, respirar o ar da liberdade, afinal você se sente livre, você é livre. Mas infelizmente o mais próximo que chego do céu é quando observo o seu reflexo no mar. Sou um pirata sem navio, um roubador de sonhos velejando sonhos no mar. E não, eu não preciso de navio, pois num barquinho de papel eu posso voar.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

sentimento.

Não é apenas mais um daqueles dias em que tudo parece dar errado, não é mais uma oportunidade que aparecerá em vão na tua vida, não, não é nada disso. É apenas um sentimento que mistura-se à nostalgia proporcionada por aquela carta que permanece guardada com você, mesmo você sabendo que ela não deveria estar ali. Mistura-se também ao egocentrismo torto que nasceu em ti anos atrás, e que ainda se mantém presente em decisões que afetam todo o nosso sistema, aquele mesmo, criado com a melhor das intenções, mas que veio a tornar-se ineficiente ao longo dos anos, devido a toda essa mistura de sentimentos.
Mas o mais escasso dos sentimentos está de volta, sim, ele mesmo. Quando você finalmente pensou que estava livre, ele voltou para te atormentar. Quando você conseguiu fechar os olhos, ele se fez presente na tua mente, controlando qualquer outro tipo de emoção que você pudesse sentir. Não te coube nos olhos tamanha emoção e as lágrimas foram derramadas, gota a gota, por todo o teu rosto, numa tentativa falha de te fazer refletir. Não coube em ti tamanha pressão, e as palavras foram saindo, uma a uma, em uma ordem que não parecia produzir sentido algum para os outros, mas que no fundo, todos entendiam muito bem, só não demonstravam tal entendimento, ou simplesmente não queriam entender, com medo do que aquilo poderia significar.
Esse sentimento me fez não querer mais saber do amanhã, pois os dias continuarão a passar, e nós aqui continuaremos, tentando juntar as peças desse quebra cabeça proporcionado pela vida, porém no fundo todos nós sabemos que ele jamais estará completo, pois o fim, antes longe, se aproxima lentamente, destruindo cada uma dessas peças que um dia fizeram nosso quebra cabeça parecer completo.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

era uma vez.


Não. Risque o "era uma vez". Apague, por favor. Ela não quer começar com "era uma vez", ela quer tudo, menos isso. Afinal, tudo o que começava com "era uma vez" teria que terminar em um castelo e com um "fim" escrito em uma caligrafia desajeitada, mas com uma precisão incrível. 

Ela não queria o castelo e tão pouco queria a caligrafia desajeitada. Não queria a valsa, não queria o violino, não queria mais ouvir essas histórias perfeitas, já que nesse reino distante a perfeição não existia mais. Ela não queria a caminhada pelo campo, não queria o salto alto, não queria o vestido rodado, não queria se balançar conforme a música. Não fora feita para se balançar conforme a música, já que a melodia indicava que a perfeição poderia estar voltando, mas não era isso que ela queria.
Se balançava aleatoriamente, conforme a música que vinha de dentro, aliás, tudo era a base disso. Só dançava conforme a música se o compasso do coração se fundisse com o interior de suas memórias, aquelas que a levavam de volta à uma terra cercada de incertezas e rodeada de velhas histórias, que se mantinham vivas mesmo com o passar do tempo.

Ela não queria mais vivenciar todas essa mentiras, não, ela não precisava disso. Ela não queria sonhos que levariam a lugar nenhum, ela preferia que o lugar nenhum se transformasse no lugar dos sonhos. Não queria as estrelas, não queria o príncipe encantado, não queria misturar suas lembranças. Lembranças que estavam em um papel surrado, diluído pelo tempo e escondido a sete chaves, dentro de um livro que contava a mais perfeita das histórias, aquelas que começavam com o "era uma vez".

terça-feira, 3 de julho de 2012

imensidão.

Por diversas vezes a lua manteve-se fiel ao sol, tornando-se a única fonte confiável de luz que iluminava este ambiente. A lua era capaz de manter viva a esperança dentro das pessoas que aqui viviam, mas não foi suficiente, logo as pessoas perceberam que não havia mais salvação. Todas foram afogadas perante esse rio de solidão que aqui se formou, todas sucumbiram perante esse mar de rochas gigantescas, que nos sufocou até não aguentarmos mais.
Dúvidas pairavam sob a cabeça dos mais inocentes, aqueles que ainda conseguiam enxergar o mundo com bons olhos apesar da destruição já aparente. A dúvida causou insegurança, que somada ao descontentamento gerado por tantas desilusões, encerrou de vez com o ciclo místico que ainda se mantinha presente neste local. O eclipse nunca mais aconteceu e todas as almas passaram a vagar sem rumo, por centenas de quilômetros, sob o olhar atento da lua, que ainda se faz presente na imensidão das galáxias.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

limite.

A incongruência do sentimento humano é levada a sério quando entra em contraste com os nossos sonhos ou quando é combinada com uma série de desejos que habitam nosso cérebro e que por diversas vezes passam despercebidos já que preferimos viver o irreal do que viver dentro das limitações do mundo real.
Ousaram delimitar um espaço para conter a inteligência humana. Ousaram bloquear todas as frestas possíveis, na intenção de impedir um ato impensado. Ousaram construir os muros mais altos que o ser humano já viu, com o objetivo de nos limitar ao máximo. Mas nada disso nos impediu, e cá estamos, lutando pelo nosso ideal, batalhando em busca daquilo que julgamos ser correto, correndo atrás do que nos faz feliz. É, fizeram de tudo para nos limitar, mas esqueceram que nós somos maiores do que as muralhas.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

saudade.

A saudade aperta e a noite aproxima-se, trazendo consigo o frio que torna-se cada vez mais intenso e que se mistura aos pensamentos desconexos e a uma falsa nostalgia que hoje tomam conta da minha mente. A temperatura é inconstante, e cá estou, todo agasalhado e ainda assim morrendo de frio, devido ao vento gerado pela fresta da porta que você deixou aberta ao sair para não mais voltar.
Eu não queria vivenciar mais um destes contos de fada irreais onde as pessoas fingem estar de acordo com tudo aquilo que acontece, eu não queria vivenciar sonhos com hora marcada para acabar, não queria o 'feliz para sempre', não, eu não queria nada disso. Porém também não queria vivenciar esses momentos de angústia, esperando por uma simples resposta que pode definir todo um futuro, não queria ficar acordado a te esperar, não, eu apenas queria dormir e te encontrar no mais sincero dos meus sonhos, aqueles que infelizmente tem hora marcada para acabar, mas que continuam a existir mesmo quando estou acordado.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

medo.

                        
Deparar-se com um sentimento até então desconhecido, voltar a refletir sobre coisas que já não deveriam mais frequentar o teu pensamento, lutar contra a mais intensa das vontades. O medo continua a dominar tua mente e aquela sensação de impotência afeta o teu coração.
Pobre seja aquele que comprou tua alma, fez o pior dos negócios, afinal a iluminação da tua alma foi se acabando com o passar do tempo. A tristeza foi surgindo paralelamente à vontade de tomar alguma atitude, porém não havia mais nada para ser feito. O horizonte estava ali, coube a ti caminhar até ele, mas não o fez. Preferiu esperar outro momento, achou que haveria outra oportunidade, mas não houve, nunca há outra oportunidade. A existência momentânea sugeriu descontentamento, mas já não havia quem ligasse para isso, foram todos desiludidos, perceberam que o sentido havia se misturado com a solidão, da forma mais cruel e trágica possível, através de nossas próprias mãos.

terça-feira, 29 de maio de 2012

tempo.

Olhar por horas para o mesmo ponto, procurando a saída desse sentimento que insiste em se manter por perto. Parar durante um curto período de tempo, olhando em volta apenas para checar o ambiente. Acompanhar o ponteiro do relógio mover-se vagarosamente, levando-te a mais profunda das reclusões.
O instante torna-se relevante, o momento não reflete sentimento, toda uma vida construída em anos destrói-se em questão de segundos. Um mundo baseado em falsas promessas, feitas durante um longo e tedioso caminho rumo à lugar nenhum. Pois é, cá estamos nós, rumando à lugar nenhum, sentenciados a viver esperando por algo que sequer sabemos o que é. Mas o relógio parou e o tempo insiste em não passar, fazendo tudo permanecer do jeito que está, inclusive o teu coração, que hoje continua a clamar por alguém que já não existe mais. O verso diz que 'a cada hora que passa envelhecemos dez semanas' e há muito mais a se dizer, porém pouca coisa para se entender.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

memória.

A incompreensão do ser humano torna-se tão aparente quando refletida junto com a situação atual de cada um de nós, seres que buscam a saída desse mundo de eterna solidão. Mas é difícil afastar-se da solidão quando vivemos em conflito com nós mesmos, já que isso nos isola cada vez mais.
Passamos a vida toda buscando um bom motivo para continuar lutando, mas essa luta talvez nem seja tão necessária, já que dessa vida nós só levaremos as memórias. São memórias devastadas pelo passar do tempo, lembranças criadas com o objetivo de manter viva a esperança sentida em um determinado momento, momento esse que jamais voltará.
A lembrança torna-se escassa quando percebemos que ainda existe toda uma vida para se viver, mesmo que tudo te indique que ela acabará em instantes. É apenas um instante de hesitação, o piscar de olhos junto com a respiração ofegante, que traz adrenalina de volta a tua mente. O caos já tomou conta do universo, mas você está lá, isolado em seu mundo paralelo, convivendo com a solidão e com a lembrança de um passado não tão distante, sentenciado ao compasso do coração, que fundiu-se na mais simples das memórias, aquela do tempo em que você costumava existir.


''my last fucking memorie''
''the mind chaos''

segunda-feira, 30 de abril de 2012

721-112

Aquela velha cabana a beira do caminho agora perdeu de vez a sua iluminação, está mais escura do que nunca, a luz solar não chega até lá, é bloqueada pela mente dos incapazes. O vento se mistura ao silêncio e a escuridão, e os insetos agora são os únicos habitantes desse local que um dia já abrigou uma jovem de cabelos ruivos.
A lenda conta que essa jovem veio de um lugar desconhecido, sua origem é um mistério. O que se sabe é que ela parecia perturbada e inclusive cogitava a possibilidade de cometer suicídio, sua cabeça não passava por um bom momento. Ela achou que o tempo cicatrizaria todos os seus problemas, mas isso não aconteceu. Na verdade, os problemas até foram cicatrizados, porém a cicatriz tornara-se grande demais, tão grande que seu corpo não foi capaz de suportar.
Essa jovem era mais uma incapaz que habitava o universo. Mas vocês tem que perdoá-la, afinal ela nunca foi daquelas que fazem sentido. Ela optou por desistir, preferiu não se arriscar em algo que parecia incerto. Temos que entendê-la, afinal a incerteza provoca medo.
Incontáveis são as vezes em que nos deparamos com algo que parece ser desafiador aos nossos olhos, algo que tem o poder de nos fazer refletir e repensar todos os nossos princípios mais sinceros. É algo além da compreensão humana, é uma pequena faísca que mais parece uma reação em cadeia, afetando todos os nossos sentidos. Sim, essa jovem foi afetada, diminuiu-se diante de tanta complexidade e associou-se com a confusão que agora tomava conta de sua mente.
Não se sabe o que aconteceu com a jovem e a lenda prefere não colocar um ponto final nessa história, por isso só nos resta imaginar, além de conviver com toda essa incerteza, tal qual convivia a jovem de uma certa história que agora nos parece familiar.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Um texto sobre a Fresno (Parte II)

Para quem ainda não leu a Parte I http://mylastfuckingmemories.blogspot.com.br/2012/02/um-texto-sobre-fresno.html

Vamos falar de solidão? Não, não vamos, pois em todo momento em que a gente se sentir sozinho, haverá em quem pensar, haverá algo para refletir, haverá uma banda lá do sul tomando conta dos nossos pensamentos. Já que tu não acreditaste em minhas palavras, já que duvidaste do poder que essa banda tem, eu pude ver o sol desaparecer do teu rosto, dos teus olhos, da tua vida. Pois é, para nós anoiteceu, mas não, nossa vida não escureceu, afinal esses mesmos guris lá do sul continuam com melodias que iluminam nossa alma e continuam a nos guiar rumo ao sol, e lá a escuridão não tem vez.
Poderia por horas expor o real sob minha visão, mas de que adianta expor o real se nós vivemos em um mundo ilusório? Poderia procurar as palavras mais sensatas para expor o sentimento que corre nas minhas veias nesse instante, porém meras palavras não descrevem tal sentimento. Poucos compreendem a dimensão da admiração que eu tenho por esses guris, poucos procuram entender o significado verdadeiro que possui essa admiração. É uma coisa bem maior do que todo o céu, bem mais quente que todo o sol, bem mais forte que todo o mar, bem mais intensa do que qualquer pessoa comum possa imaginar.
Quem sabe no nosso pesadelo mais obscuro a gente sinta medo do acaso do erro. Quem sabe nosso desejo mais sincero seja pintar um horizonte infinito e caminhar sem rumo, para assim chegar no quarto dos livros, local onde ninguém terá o direito de interferir nos nossos pensamentos, local onde teremos a liberdade de imaginar o rio, a cidade e a árvore, e onde poderemos subir nessa mesma árvore simplesmente para ver o mundo paralelo de uma forma mais coerente. Lá nós não veremos o ser humano transformar essa cor ciano do mundo em algo tão denso e nebuloso que não haverá mais solução para a humanidade, já que existem coisas que nem mesmo o amor é capaz de solucionar. Buscaremos a nossa redenção e evitaremos uma revanche pois não queremos confusão, tudo o que queremos é viver uma vida com pretensões, em um vasto cemitério de boas intenções.
Eu sei que o tempo acabou, mas o tempo não é capaz de colocar um ponto final em algo que já nos proporcionou tantas histórias bonitas. Sim, o tempo vai cicatrizar, porém essa marca jamais se apagará, afinal eu já perdi, eu já sofri demais e eu parti, porém não joguei tudo pra trás porque lá estavam quatro caras que me incentivavam a jamais desistir das coisas, que me motivavam a continuar tentando, mesmo que tudo estivesse dando errado. Vivemos em uma sociedade de mudança contínua porém não existe nada nessa vida que vá nos fazer mudar, continuaremos a sonhar com o momento em que nos tornaremos senhores de nós mesmos, mas nós não sabemos lidar, então é melhor deixar as coisas como estão.
A vida nem sempre é do jeito que a gente esperava já que nós somos pequenos demais na imensidão das galáxias, mas certas coisas nos engrandecem, a Fresno é uma delas. Muito já foi dito sobre a Fresno e seus fãs, diversas pessoas julgam a banda mesmo sem conhecê-la, são julgamentos sem fundamento, baseados unica e exclusivamente em um preconceito estúpido para com o estilo musical. São inverdades que muitas vezes passam despercebidas mas que podem machucar e muito quem realmente se importa com aquilo, quem realmente entende todo o ideal que a banda tenta nos passar.
Essa tal de Fresno evoluiu significativamente ao longo dos anos, muita coisa mudou, até mesmo a formação da banda mudou, mas certas coisas nunca mudam afinal a vida segue, e o Lucas, aquele cara metade mendigo e metade poeta continua lá junto do Vavo, seguindo o sonho iniciado doze anos atrás e também expressando seus sonhos através de palavras, palavras essas que são mal interpretadas por muita gente de cabeça fraca, mas nós fãs estamos aqui, e seguiremos aqui divulgando o potencial das palavras expressas por eles, quem viver, verá. E é isso, não há mais nada a dizer.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um texto sobre a Fresno


Se algum dia eu não acordar, terei certeza de que minha missão foi cumprida, terei certeza de que fiz tudo que estava ao meu alcance, terei certeza de que amei os guris mais fodas de todo esse universo.
Com esses guris eu aprendi lições valiosas, aprendi que tudo vai passar, aprendi que não é todo rio que tem um mar pra se encontrar, aprendi que quando estamos sozinhos não existe bem e mal, aprendi que as nossas falhas podem nos definir, aprendi que um coração não se faz com a mão, aprendi que nem mesmo a nossa morte é permanente, aprendi que por todo canto há alguém esperando pra me derrubar, aprendi que todo mundo precisa de alguém, aprendi que a verdade dói porque ela é de verdade, aprendi que devo acreditar nos meus sonhos acima de qualquer outra coisa, aprendi que o destino não é algo que eu possa controlar, aprendi que não devo deixar NINGUÉM dizer que sou incapaz de fazer determinada coisa, aprendi que NINGUÉM tem o direito de me privar de sonhar já que não existe nada mais violento e poderoso do que o coração daquele que sonha. Fiz planos e promessas, vivenciei momentos fodas, prometi não chorar e não me arrepender, mas durante esses momentos diversas lágrimas sofridas escorregaram pelo meu rosto e agora elas estão presentes em cada rio de solidão, em cada poça dessa rua. Aprendi que apesar de vivermos em um mundo injusto onde morreremos sozinhos, sempre vai existir alguém que te faz sorrir e que absolutamente nada mudará isso.
Assim como o Tavares, eu bebo saudade, saudade de um tempo onde a complexidade não era vista como loucura, mas talvez seja melhor assim, talvez devêssemos deixar tudo como está, talvez o silêncio já não exista mais, apesar de continuarmos vivendo em um mundo de eterna solidão.
Muitos pensam que a vida gira em torno de uma revanche, mas não nos leve a mal, tudo que a gente deseja é viver mais, poder dizer mais e quem sabe sentir mais. Estamos a sete palmos do chão, voando rumo a nossa redenção já que lá pode ter um novo amor pra eu viver. E é nesse lugar que eu espero viver pra sempre, rodeado de velhas histórias e de impossibilidades, ouvindo os simples relatos de um homem de bom coração.
Eu não quero lembrar, mas são tantas evidências, tantas lembranças, memórias que a mente insiste em guardar pra te fazer chorar, mas no fundo eu sei que o tempo vai cicatrizar. Pois é Lucas, nós temos o desejo de morar na tua voz, e talvez isso seja possível, afinal tuas melodias estão guardadas dentro do nosso coração.
O dicionário define 'fã' como ''uma pessoa dedicada a expressar sua admiração por uma pessoa famosa'', desculpa, mas eu prefiro a definição do Lucas ''aquele que curte a música, o trabalho, se identifica com a mensagem, leva daquilo alguma coisa para a vida.''
As pessoas criam tantas definições para a palavra 'fã' e se esquecem de todo um ideal que essa palavra representa, de todo um sentimento que existe por trás dessa palavra. Amor de fã é amor real, amor de fã é algo que não se mede, amor de fã rompe qualquer barreira, vence qualquer obstáculo. Amor de fã não exige nada em troca, o amor de fã é a coisa mais sincera e incrível que poderia existir.
Não sou fã da banda mais politicamente correta dos dias atuais, não tenho ídolos que vão de acordo com o pensamento dos outros e não vejo o menor ideal de perfeição neles, não os vejo como meros pedaços de carne, muito pelo contrário, os vejo como os guris mais talentosos do cenário musical brasileiro. Não vejo o menor problema em admitir que sou fã da Fresno, falo isso com orgulho, orgulho de ser fã de uma banda que canta o que sente, orgulho de ser fã de uma banda que não vê limites para o crescimento e acima de tudo, orgulho de ser fã de uma banda que NÃO SE VENDE. E é isso, somos apenas mais uns soldados marchando, mas não estamos cansados, estamos totalmente dispostos, dispostos a continuar presentes nessa batalha auto sustentativa, nessa batalha que não tem previsão de término, nessa batalha eterna por um sonho que nós ainda vamos realizar.

''Deixe o sol secar tuas lágrimas
 Deixe o mar limpar tua alma
 De tudo que deixamos pra trás
 E vamos viver em paz''

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

874-950

Um ato de cura, uma brisa que afronta o poder do sol e traz junto com ela diversas mágoas e sentimentos antigos, um único ponto de perdão ecoa sobre essa brisa.
A iluminação expõe o contraste entre as duas almas, dois pobres jovens apaixonados, jovens que deixaram a paixão dominar seus corpos, invadir a mente e tomar conta do coração. Jovens que foram excluídos da sociedade simplesmente por acreditarem no amor, jovens de mentes brilhantes mas com uma paixão desafiadora. Jovens exatamente iguais, mas que ainda não se conhecem, nem sequer sabem da existência do outro. Jovens que pensam estar sozinhos, quando na verdade estão mais próximos do que imaginam, jovens que desafiam a lei da gravidade simplesmente para amar, quando podiam somente olhar para o lado e encontrar a alma gêmea, aquela pessoa tão desejada e cobiçada . . . jovens que passaram a vida toda procurando por um ideal de amor perfeito, sendo que todo amor pode ser tornar perfeito.
Um ideal de perfeição, um amor inacabado, um sentimento de promessa eterna levando em conta todos os possíveis contratempos dessa relação.
A necessidade da paixão bloqueou a existência do ser, enterrou as amarguras e lutou bravamente para mostrar que estava ali, e que queria ser ouvida. O amor comandou, os jovens não aguentaram, resolveram amar, caíram em si . . .

Obs: Em sua nota final, o jovem escreveu: 'Teu príncipe pode se tornar o pior dos sapos, enquanto existem muitos sapos ao teu lado querendo se tornar o teu príncipe perfeito, basta sentir.'

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

790-654

Jovem de alma fria, coração vazio e mente aberta . . . Pobre jovem, não conseguiu chegar até as estrelas, elas se tornaram inalcançáveis para sua perspectiva. Ele também não conseguiu voar até o sol, foi queimado pelas avarezas impostas por um minúsculo raio que brotou dentro de seu coração. Aliás, o coração desse jovem também falhou . . . falhou ao pensar que amava alguém quando na verdade seu coração só palpitava a palavra arrependimento.
Esse jovem se vangloriava por possuir um mundo de sonhos, um mundo onde ele achava que poderia se esconder, um mundo onde cada pedaço de existência exigia uma escapatória. Um mundo de complexidade, uma barreira sísmica que impedia o último dos pulsares, que tremia só de saber que o planeta estava se compensando, um mundo onde cada coisa exigia um porquê.
Esse jovem ouvia muitas vezes a palavra ‘amadurecimento’, palavra essa que ficava guardada em sua cabeça, e que lhe despertava diversas sensações de desconforto. O jovem evoluía, se achava mais inteligente do que os outros mortais, se achava uma joia no meio de tantas pedras comuns. Esse jovem confundiu evolução com amadurecimento, a evolução parou, sua alma esfriou, seu coração parou e sua mente se abriu, abriu para um mundo de incertezas e corações partidos, onde o calor e a emoção dão lugar a outros sentimentos, onde a solidão reina absoluta, onde as estrelas jamais conseguirão iluminar.