Aquela sensação de que tudo pode desmoronar a qualquer momento. Você olha em volta e parece que o mundo todo está conspirando contra ti, parece que tudo vai dar errado, que tudo acabará em lágrimas.
Você respira com dificuldade, tua alma divaga por um espaço de tempo que é imperceptível aos olhos humanos. Teu corpo transpira e as gotas caem lentamente, aumentando a tensão que já domina a tua mente.
As poças no chão refletem um rosto tomado pela agonia e dominado pela solidão. Esse reflexo é apenas uma constatação daquilo que tu foi se tornando ao longo dos anos. O conformismo te deixou assim, impediu que você crescesse, bloqueou teus pensamentos mais dignos e te largou nesse mundo obscuro onde a felicidade não tem vez.
Teu cérebro já está cansado e não toma as decisões mais sensatas, teu cérebro vai de conflito ao teu coração, essas duas peças jamais se alinharão.
Teus olhos procuram um local para repousar, já não agüentam mais ficar abertos, já choram lágrimas de sangue. Num último suspiro eles se movem para uma montanha longínqua na tentativa de imaginar o que se passa por lá, buscando salvação de algo que os amedronta, mas que nem teu cérebro sabe o que é . . . talvez não seja nada, afinal tu foi se tornando covarde com o tempo.
Nem mesmo teu coração sabe aquilo que te amedronta, ele já não liga mais, cansou de não ser correspondido, perdeu a harmonia com o resto do corpo.
Talvez isso se chame medo, talvez seja covardia, os médicos diriam que é depressão, os céticos diriam que não é nada, os machistas diriam que é frescura e aqueles mais apaixonados diriam que é amor . . . é difícil deduzir, são muitos sentimentos, poucas certezas e nenhum sentido.