segunda-feira, 31 de outubro de 2011

624-033

Aquela sensação de que tudo pode desmoronar a qualquer momento. Você olha em volta e parece que o mundo todo está conspirando contra ti, parece que tudo vai dar errado, que tudo acabará em lágrimas.
Você respira com dificuldade, tua alma divaga por um espaço de tempo que é imperceptível aos olhos humanos. Teu corpo transpira e as gotas caem lentamente, aumentando a tensão que já domina a tua mente.
As poças no chão refletem um rosto tomado pela agonia e dominado pela solidão. Esse reflexo é apenas uma constatação daquilo que tu foi se tornando ao longo dos anos. O conformismo te deixou assim, impediu que você crescesse, bloqueou teus pensamentos mais dignos e te largou nesse mundo obscuro onde a felicidade não tem vez.
Teu cérebro já está cansado e não toma as decisões mais sensatas, teu cérebro vai de conflito ao teu coração, essas duas peças jamais se alinharão.
Teus olhos procuram um local para repousar, já não agüentam mais ficar abertos, já choram lágrimas de sangue. Num último suspiro eles se movem para uma montanha longínqua na tentativa de imaginar o que se passa por lá, buscando salvação de algo que os amedronta, mas que nem teu cérebro sabe o que é . . . talvez não seja nada, afinal tu foi se tornando covarde com o tempo.
Nem mesmo teu coração sabe aquilo que te amedronta, ele já não liga mais, cansou de não ser correspondido, perdeu a harmonia com o resto do corpo.
Talvez isso se chame medo, talvez seja covardia, os médicos diriam que é depressão, os céticos diriam que não é nada, os machistas diriam que é frescura e aqueles mais apaixonados diriam que é amor . . . é difícil deduzir, são muitos sentimentos, poucas certezas e nenhum sentido.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

025-012

Papai Noel, o que foi que aconteceu? Para onde foram todos? Onde está o seu gorro? Onde está o trenó? Cadê as renas que costumavam alegrar este lugar? Por que choras Noel? Onde está o brilho natalino? Onde estão todos os presentes? Por que não me visitou? Tem muito tempo que espero tua visita. Por que me deixou inconsciente por tanto tempo? Meu pedido te aborreceu? Foi o meu pedido que causou tudo isso? O senhor estava acostumado a ver pedidos fúteis, tais como bonecas e bicicletas, foi tão difícil assim me ver pedindo um pouco de amor no mundo? Por isso o senhor me fez dormir?
Acho que eu dormi por muito tempo. Na época em que eu costumava ficar acordado, o natal era uma época mágica. Quando foi que essa magia natalina deu um lugar a mais um simples feriado? Quando foi que essa data mágica tornou-se apenas uma desculpa para o homem consumir mais e mais?
Não foi a mentira, não foram os presentes que nunca chegaram, ou saber que não precisava ser bonzinho o ano todo que acabou com a magia do natal e sim saber que existem certas coisas que não podem ser dadas de presente, saber que chega uma hora em que presentes caros não trazem felicidade, saber que amigos não vem embalados em uma caixa com laço.
Pobre Papai Noel, um simples homem que recebe superpoderes no fim do ano. Quem dera eu poder te ajudar a recuperar o sentido do natal, quem dera eu poder te ajudar a entregar todos esses presentes, quem dera eu poder te ajudar a colocar mais inocência na mente das crianças de hoje em dia. Pena que não posso, dormi por muito tempo, me tornei inútil, agora tudo o que posso fazer é observar . . . observar o ser humano tirar o sentido de uma das datas mais bonitas que já existiu. 

domingo, 23 de outubro de 2011

755-738

Certo dia eu resolvi fugir para um lugar onde ninguém poderia me encontrar, resolvi me esconder do mundo, resolvi sumir.
Certo dia eu resolvi virar as costas para o mundo, pois já estava cansado de vê-lo virando as costas para mim quando eu mais precisava de sua ajuda.
Certo dia resolvi parar de falar com aquelas pessoas que eu costumava chamar de amigos, mas que no fundo, eram apenas pessoas comuns.
Ativei meu modo fuga, desliguei meu modo vida. Estou mais feliz assim, poderia viver em uma eterna fuga. Fugir não me torna inferior, fugir não me torna pior, fugir não me deixa triste, fugir não é desistir, fugir é apenas uma escapatória, e nos dias de hoje, escapar acaba sendo necessário.
Resolvi subir em uma árvore, e lá de cima eu podia ver o mundo na sua forma mais sincera, o que não era uma coisa boa. Porém lá em cima as coisas eram mais tranqüilas, eu estava longe das pessoas, que foram tão cruéis comigo. Lá em cima eu estava longe desses monstros que habitam os mais distintos dos lugares. Lá em cima a guerra não poderia me alcançar, foi por isso que subi na árvore. Eu só queria escapar, escapar de tudo, tudo mesmo. Estava cansado dessa vida, cansado das mentiras, cansado das falsidades, cansado dessa palhaçada, cansado dos humanos.
Aqui em cima da árvore meus sonhos se tornam realidade, aqui eu posso viver em paz, aqui não há guerra, aqui não há problemas, aqui a vida é eterna, aqui você é uma eterna criança, e essa é a melhor das coisas, quem dera eu ser uma eterna criança, quem dera eu poder viver sempre sorrindo, viver sempre brincando, viver sem responsabilidades, simplesmente viver, essa é a vantagem das crianças, elas vivem, diferentemente dos adultos que apenas existem, e eles existem apenas para foder com o mundo e piorar tudo cada vez mais.
Uma coisa que eu aprendi aqui na árvore, é que nada é tão sincero quanto uma criança e que a criança seria sempre sincera, porém ela convive com adultos, e isso a corrompe. Aqui eu também aprendi que o mundo seria bem melhor se todos fossem crianças, e é por isso que eu continuo aqui na minha árvore, aqui ninguém tira esse sonho de mim.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

000-655



“Já parou para notar como a Vida se parece com uma mentira?
A Vida é tão irreal e a Morte a maior verdade que existe, ela chega negando tudo que vivemos e simplesmente apaga toda a nossa existência vagarosa e dolorosamente.”

Sua partida é tão rápida e precoce que esquece os rastros de vida pela estrada e a morte cruelmente insiste em apagá-los, mas você ainda permanece porque suas memorias vencem toda essa coisa de verdade ou mentira, sabe... Acho que a morte não consegue lidar com tantos corações ao mesmo tempo, são muitas lembranças para apagar, ela prefere fazer isso aos poucos... Aaah Morte que trabalho sujo esse o seu, me pergunto como consegue executa-lo sem derramar muitas lagrimas? Qual o sentido disso tudo? Mais e mais perguntas sem respostas pairam sobre nossas cabeças.

Então vamos todos juntos embarcar nessa caixa de lata, vamos percorrer por esta estrada interminável que cruza o horizonte, vamos rasgar o céu e atravessar a dimensão, é tão bonito este caminho e tão triste essa viagem.

Ao final chegamos e não há nada de belo para olhar, como consegue sorrir numa hora como essa? É... Você sempre lidou com a vida de uma forma diferente dos outros, sempre tão irônico que seria ironia ver certa tristeza em seu rosto. Você já estava cansado não é mesmo? Acho que por isso se entregou tão fácil. O seu descanso eterno chegou e seu rosto está tão doce, gentil... É um adeus, mas te digo até logo, nos veremos daqui um tempo, dorme com os anjos e tenha bons sonhos.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

000-018


Você se acha tão diferente de todo o resto do mundo. Enquanto o mundo todo busca por respostas, você ainda nem sabe o que perguntar. Você queria tanto mudar este mundo, poderia até tentar, mas foi tão humilhado que acho que não vale a pena.
Você caminha tão devagar que perdeu a direção, e vai para o abismo sem se importar com sua profundidade. Sabe, você já se machucou tanto que não sente mais dores. Você olha tantas vezes para trás, parece que ainda vive do passado. Você dissipa as nuvens do seu céu, impede a chuva de cair e não deixa sua colheita florescer.
Você observa as estrelas como se tivesse sido abandonado por elas aqui embaixo e nunca poderá retornar. Você corre de braços abertos para abraçar o vento, seus cabelos voam e você sente uma brisa tão intensa em seu rosto, é o toque mais doce que você já sentiu.
Você segura às lagrimas dentro dos seus olhos e sempre prova para si mesmo que é forte. Você chega a parecer uma formiga, que carrega tanto peso nas costas e mesmo assim não é esmagado por ele, você é tão forte e determinado.
Você se machuca com tanta coisa... O seu peito aperta todas as vezes que nota a mudança das pessoas, parece que todas caminham e te deixam para trás, os seus ouvidos doem de tantas mentiras que já ouviu, e você perdoa as pessoas tão facilmente. Sofre e sofre. Seu coração não aguenta mais bater, ele está tão cansado.
Nada precisa ter sentido, não precisa ser real, só precisa ser para sempre, assim está bom.
Você inveja tão docemente a felicidade dos outros, você as admira e quase consegue sentir essa felicidade. Você se entrega as pessoas como se unisse o seu coração ao delas, e quando elas se vão, levam tudo o que você tem mais verdadeiro.
Você é tão ingênuo que usa armas de plástico para contra-atacar seus inimigos, mas você nunca se esquece do quanto és forte mesmo com tão pouco, mesmo com tão pouco guerreiro da alma, você vence suas batalhas.
Você sempre se pergunta “qual o sentido da vida?” e se perde quando tenta responder.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

882-015

As lágrimas já escorrem pelo meu rosto, o desespero já toma conta do meu coração, um forte aperto vem contra o meu peito, sinto que a vida está sendo sugada do meu corpo bem na frente do meu nariz. Que sensação horrível, por favor, faça isso parar, eu não agüento mais sofrer, por favor, eu imploro, faça parar.
Onde estão meus fones de ouvido? Para onde foram? Será que eu perdi? Será que me roubaram? Será que eles tomaram vida e fugiram de mim? Será mesmo? Iriam fugir logo de mim que sempre os tratei com tanto carinho? Sem eles não sou o mesmo, sem eles não sou capaz de seguir vivendo, preciso deles, necessito dos meus fones.
Apesar dessa dor profunda que sinto, continuo nessa busca incessante pelos meus fones, apesar de saber que a chance de encontrá-los é muito pequena. Estou agarrando num último fiozinho de esperança, quero acreditar que eles voltarão para mim, quero acreditar que esse mundo é justo e que esse mundo não quer me ver sofrendo.
Devo olhar embaixo da cama? Devo percorrer todos os caminhos que já fiz nessa vida só para tentar encontrá-los? Será que vale tanto a pena? Será que é tão necessário assim?
Não sei, só sei que enquanto houver um restinho de vida nesse meu corpo medíocre, eu manterei minhas esperanças, manterei minha fé na música, afinal ela consegue me mover, e acredito que só ela tenha esse poder todo. Posso dizer sem medo de errar que a música se tornou parte de mim, e que sem ela eu não seria nada. A música está aí para te fazer bem, para te relaxar e para fazer você esquecer dos seus maiores problemas, e a única coisa que a música te pede em troca é que você jamais feche sua mente para ela, afinal todos precisam de um pouco mais de melodia nessa jornada harmoniosa chamada de vida.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

771-295

Já parou para imaginar como a vida se parece com uma mentira? A vida é tão mentirosa que a morte acaba sendo a maior verdade que existe, ela chega e nega tudo que vivemos e simplesmente apaga todas as memórias e cada lembrança excluída em frações de segundos, tudo porque vivemos apenas mentiras.
Talvez a mentira não exista, talvez a mentira seja apenas uma definição humana para a ausência de verdade, fato é que essa ausência de verdade está presente no dia a dia, ela é bem real, ela nos corrompe, ela nos destrói e ela literalmente fode com nossa mente e com nossa vida. Podemos dizer que esse mundo de hoje é um mundo mentiroso, podemos dizer que a sociedade de hoje é uma sociedade mentirosa, podemos dizer que a verdade hoje em dia se tornou uma pequena lagoa num mar denso de mentiras.
Quem dera poder acreditar que tudo isso vai passar, que num simples clique tudo vai mudar, que numa simples batida de palmas tudo vai voltar ao normal. Triste saber que isso nunca vai acontecer, é apenas uma mentira pregada pela mente, uma mentira que te faz pensar que tudo ficará melhor, que tudo pode acabar bem. Alguns chamam isso de ‘pensamento positivo’ mas é apenas uma mentira escondida com um propósito positivo, um propósito que te faz manter as esperanças nesse mundo, apesar de saber que ele dificilmente mudará.
Para onde vou? Qual botão aperto? Devo desistir? Devo continuar a acreditar nessa mentira pregada pela minha mente? Continuo andando? Devo mentir? Devo contar a verdade?
Difícil responder a essas questões, fácil mesmo é continuar mentindo e enganando a si próprio, pois isso já se tornou um hábito rotineiro nessa sociedade filha da puta que aí está.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

201-519

Apesar desse desconforto momentâneo que paira em sua mente, tente respirar profundamente, acalmar-se, fechar os olhos e imaginar as dezenas de obstáculos enfrentados por uma folha no simples ato de cair de uma árvore em uma tarde fria de outono. (agora já pode parar de imaginar porque não é esse o assunto do texto)
Muitas pessoas adoram o verão, época de calor, sol, praia, bebidas geladas e poucas roupas; outras preferem o inverno, aquele tempo bem frio, congelante a ponto de muitas vezes te desanimar a sair de casa, chocolate quente e afins. Eu particularmente gosto das estações ‘esquecidas’. Poderia passar horas escrevendo sobre a primavera e sobre o outono, tentando reproduzir o real sob a minha visão, mas não é isso que importa.
AAAAH as quatro estações . . . tão naturais, tão bonitas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão parecidas, tão independentes e ao mesmo tempo tão interligadas, tão mágicas e cheias de histórias para contar, tão cheias de adjetivos.
As estações descrevem todo um cenário, elas são responsáveis por todo um enredo, por todo o contexto de um filme, toda a história de um livro, toda imagem que fica guardada na tua memória. Sabe aquela imagem dos amigos reunidos a beira da piscina? Culpe o verão. Sabe aquela imagem das pessoas bem unidas, tomando um café quente perto de uma lareira? Culpe o inverno. Sabe aquela imagem de um dia chuvoso em que você teve de procurar um abrigo para não se molhar ou aquela imagem de um dia monótono em que você apenas jogou conversa fora? Culpe a primavera, culpe o outono, culpe as estações . . .
Sabe aquele dia em que você ficou em casa, sem nem sequer olhar para o lado de fora? Culpe a si mesmo, pois foi um dia em que você não vivenciou a magia das estações.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

215-182

Uma cabana abandonada ao relento, jogada as traças, destroçada pelo tempo, infestada pelos insetos e possuída por espíritos malignos. Isso poderia ser problema para muitas pessoas, mas não para aquele jovem. Já havia passado por tantos apuros na vida que estar sozinho ali naquele lugar medonho não significava nada para ele.
Esse jovem tinha muitos planos para seu futuro, tentava ser um controlador do seu próprio destino, mas com o tempo, foi se perdendo nas suas próprias idéias. Seus pensamentos eram tão complexos que nem ele conseguia suportar, era uma carga muito pesada para uma mente tão frágil.
Perdeu-se em sua própria complexidade, faltaram-lhe raciocínio e frieza para tomar certas decisões que lhe eram importantes. Foi drenado pelo mundo moderno, sucumbiu à pressão.
Nesse jovem, fragilidade e complexidade estavam interligados, assim como em uma borboleta, apesar de frágil, a complexidade de uma borboleta é algo que não dá para se imaginar.
Talvez em seus sonhos mais obscuros e profundos, esse jovem apenas quisera ser como uma borboleta e sair voando por esse mundo afora, espalhando sua complexidade e confundindo as pobres mentes humanas que ainda não possuem a capacidade de entender tal dom, o dom de ser complexo.