domingo, 4 de novembro de 2012

distância.

Me pediram para falar sobre distância. Em um primeiro instante, hesitei, pois falar sobre este assunto remete-me à uma nostalgia engraçada, quase como daquela vez em que procuramos um ao outro, sem sucesso. Separados pelo destino, vagamos subitamente por um mar de músicas reclusas, repetidas infinitas vezes pelo "modo aleatório" mais perverso que poderia existir. Dentre as repetições, algo saltou-me os olhos. E não, não foi a enorme quantidade de músicas que parecia nos descrever, mas sim a quantidade de vezes que a palavra "distância" aparecia perdida no meio dos mais diferentes versos.
Após a hesitação inicial, resolvi adentrar-me nessa premissa menor que diz que a distância é necessariamente algo que separa dois pontos. Descobri que distância não é a medida da separação de dois pontos. Não havia distância entre nossos corpos, mas mesmo assim estávamos longe. 
Me pediram, então, uma definição para o termo "distância". E quem pediu, não queria uma resposta abrupta. Queria algo abrangente, que lhe fizesse refletir sobre tal significado. Desde então, ando pensando assim, em círculos, com respostas dentro de perguntas. Mas nenhuma pergunta é grande o suficiente para comportar a resposta que eu procuro. Assim, me pego pensando nessa distância singela, que me separa de forma significativa daquele mundo que um dia eu chamei de real. 
Depois de tanto refletir, sou obrigado a afirmar que distâncias são histórias que a gente conta com os olhos, e, bom, não vejo teu rosto, nem tua maquiagem, nem teus cílios enormes. Você acha que fico me perdendo em detalhes, mas olho para dentro de mim, e é daqui que vejo o que há dentro de ti. A distância está aí, para ser vista. E eu caminho ao lado dela, sabendo que, ao final de tudo, você vai ouvir falar de nós.

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