segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Infinito - O manifesto

Eu nunca fui de lembrar, por isso decidi escrever. Em um primeiro momento, a ideia de manter meus pensamentos arquivados em simples pedaços de papel parecia realmente interessante. Hoje, ao olhar para estes papéis espalhados pelo chão, percebo o quão desconexos estavam meus pensamentos nestes últimos meses. Ao entrar em contato com essa atmosfera exorbitante proporcionada pelos meus próprios versos, vi que palavras, por mais insignificantes que possam parecer, são armas com um enorme poder de alcance (ainda assim, não suficientes para te alcançar).
Em tempos remotos, a luz do Sol chegou a me cegar, hoje, ela não queima nem se faz sentir. As palavras sentenciaram-me à reclusão, e me sinto cada vez mais preso aqui. Aliás, caminhando por este farol da solidão, vejo que o que eu senti há um tempo atrás, nunca mudou, nem vai mudar. Daqui, eu não vejo mais o pôr-do-sol, mas, pela primeira vez, consigo ver o futuro como se fosse uma pintura postada na minha frente. Em meio à tempestade, consigo analisar as pinceladas, as cores e todas as nuances pretendidas pelo artista. É tão real e imediato que parece o presente. É o tal horizonte infinito.
Confuso diante de um emaranhado de metáforas incompletas, eu vi que o céu é só mais uma ilusão. Aqui em cima, não importa para onde você aponte, vai ser sempre céu. Daqui, a todo momento caem caixas pesadas, contendo toneladas de decepções, prontas para atingir a cabeça daqueles que não ousam olhar para cima.
Estranho é olhar para o papel e ver que continuo a escrever sobre fatos abstratos, dos quais desconheço. Mas, diferentemente da maioria, eu vejo sentido no abstrato, e sim, vejo simplicidade naquilo que muitos convencionaram chamar de "complexo". Complexa é a Libélula, que possui seis pernas e mesmo assim praticamente não consegue andar com elas. Por isso ela desenvolveu dois pares de asas semitransparentes, para ver o mundo lá de cima e, assim como eu, contemplar sozinha a imensidão.
Ainda referindo-me à complexidade, resolvi me despedir do real. Pretendo embarcar em mais uma aventura cinematográfica, dessas que espalham elementos abstratos e eliminam tudo aquilo que é tateável. Mas não se preocupe, pois a mão que hoje acena na partida, é a mesma que escreve incansavelmente, buscando mudar o roteiro deste filme, que por anos só soube retratar a solidão.

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