quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sobre as nossas canções de apartamento

(Desenho por Anna Brandão)

Primeiro ensaio sobre Cícero

- Fala pra ele que a vida é um peão
"Se tu soubesses como machuca, não amaria mais ninguém."

Você chegou. Eu nem vi. Quando percebi, já estávamos rodopiando por aí, dispensando todo e qualquer tipo de sensatez. E, se por um minuto que seja, quisermos voltar ao modo sensato, é melhor sairmos perguntando por aí. De par em par.

Vê se tira esse sorriso amarelo,
e vamos partir.
(rodopiando)
De vez em quando, rumo ao castelo,
passando a vez, buscando o belo.
(vulgarizando)

Vê se te acalma, Cecília. Um dia eu te levo para ver o mundo girar de cima.

Mas só quando o Carnaval passar.

Segundo ensaio sobre Cícero

- Fala pra ele que a vida é um avião
"Se tu soubesses como machuca, me amaria mesmo assim."

Eu esqueci. Ou melhor, não percebi. Pelo interfone, era difícil manter a calma, te ouvindo sussurrar sonhos e contos, prelúdios e afagos. Por isso, não te vi entrar. Nem tive tempo de me arrumar, ou de saber o que falar. A casa agora é sua. Mas eu nem sei.

Conta pra mim,
dessa tua pressa,
do teu pesar.
Desse teu medo
ao caminhar.
Conta pra mim,
das tuas mágoas,
da tua sina.
Mas não te assusta,
porque eu te empresto
minha neblina.

Qualquer coisa é melhor que tristeza. Mas quem se importa? É sexta-feira, amor. 

Até os elefantes cegos estão sentindo o nosso amor.

Terceiro ensaio sobre Cícero

- Fala pra ele que a vida é um balão
"Se tu soubesses como machuca.... nahhhh, tu sabes."

Era tempo de pipa, mas ninguém sabia. No horizonte, só se enxergava o desalinho, criado por nós dois. E nossa pipa voou assim, por entre as árvores, no desconforto. A linha enrolou. E agora, quem é que vai desatar os nós de nós? Daqui pra já, eu e você.

Ele esqueceu,
mas foi sem querer.
É sempre sem querer.
Ele esqueceu,
da Rita Lee
ao Tom Jobim.
Chegou o fim.
Mas só pra ele,
e não pra mim.

E se eu te falar que a vida é um balão? Repare na enorme quantidade de vidas enfeitando o céu. Tem de todas as formas, de todas as cores.

É a desordem colorida.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sobre o mais louco amor de virada de ano

Era o último dia do ano, e sua vida ainda não fazia sentido.

As promessas feitas no último dia do ano anterior não foram levadas a sério, e por isso se perderam ali pela metade do mês de março. Incrivelmente, pouca coisa mudou desde então.

O dia está quente, como é de costume no mês de dezembro. Tão quente que, apesar da brisa, o calor se faz sentir. Se olharmos em volta, podemos ver uma quantidade absurda de pessoas trajando a menor quantidade possível de roupas. Ainda assim, o calor se faz sentir.
Ali perto da praia, sentado de frente para o mar, é possível observar um homem de cabelos longos e gestual engraçado, que parece já estar acostumado ao calor. Trajando apenas uma bermuda jeans, que acaba antes mesmo de chegar ao joelho, o homem chama a atenção devido a sua palidez. Provavelmente, ao fim do dia, sua pele terá uma coloração avermelhada, tal como a camiseta que repousa tranquilamente em seus ombros. O rapaz em questão, descrito superficialmente por esse infame narrador, é Ramón.

Enquanto movemos nossos olhares para observá-lo atentamente, Ramón arrasta o seu corpo de magreza indiscutível até a beira da água. Uma pausa. E então ele adentra o mar e mergulha nas ondas nem tão calmas daquela segunda-feira de calor agoniante.
Ao sair da água, recolhe sua camiseta e caminha tranquilamente até o quiosque mais próximo, onde se senta em um dos bancos e continua a observar o mar. Mais uma pausa.

- Amigo, me traz uma água de coco por favor.

O quiosque, como de costume, estava lotado, e eu não estou muito certo de que o garçom tenha ouvido o pedido de Ramón. De qualquer forma, ele deu as costas para o balcão e continuou a encarar o oceano, com olhar arrefecido. Outra pausa.
Pela primeira vez, Ramón desvia os olhos do oceano, e os aponta na direção de uma jovem que caminha rumo ao quiosque. A jovem, quase tão branca quanto ele, tinha uma aparência delicada, e não demonstrava tanta intimidade com o calor. Muito pelo contrário. Seu incômodo com o clima era visível, e a tornava intrigantemente sensual, devido aos movimentos que fazia na tentativa de amenizar a sensação térmica. Troca de olhares.

- Garçom, vê uma água de coco pra mim.

Novamente, não estou seguro de que o garçom tenha ouvido o pedido, que, desta vez, foi feito por uma voz feminina, em um tom suave, assemelhando-se a um sussurro. A jovem, detentora desta voz, inclinou-se sobre o balcão, atraindo olhares daqueles que estavam por perto. Dois minutos de pausa. O quiosque está lotado. O calor está insuportável.
A jovem desvia seu olhar na direção de Ramón, que já a estava observando e prontamente corresponde ao olhar, esboçando um sorriso. Substituindo seu olhar de análise por um olhar mais sensual, a moça caminha na direção de Ramón, estonteante.

- Costuma ser assim o ano todo? - pergunta.
- Não sei se te entendi.
- A praia. O calor. Esse monte de gente aglomerada no balcão. É assim durante todo o ano?
- Ah, não. Piora bastante nessa época do ano. Todos decidem vir a praia.
- Foi assim com você?
- Mais uma vez, não sei se te entendi.
- Você aproveitou o calor e decidiu vir passar a virada na praia. É isso?
- Na verdade não. Eu moro aqui há alguns anos, tô na praia independentemente do clima. Conversa interrompida.

O número de pessoas próximas ao balcão continua a aumentar, fazendo com que a atmosfera do ambiente torne-se cada vez mais desagradável. O calor é surreal, e a palavra "privacidade" já não mais existe naquele lugar.

- Tem muita gente aqui. Quer dar uma volta pela praia pra gente conversar? - pergunta a moça, em tom apaziguador.
O convite é prontamente aceito.
Pequena pausa na história. A sede já se faz sentir. Eles partiram sem a água de coco.

- (...) e por que você escolheu vir morar aqui, Ramón?
- Já percebeu que estamos conversando há mais de uma hora e você ainda nem me disse o seu nome?
- E nem vou dizer. Que diferença faria?

E a conversa segue assim por algum tempo, com Ramón tentando - sem sucesso - descobrir mais sobre a moça que o seduzira, enquanto fornece a ela mais e mais informações sobre sua vida. Embora se esforce no jogo de palavras, Ramón não é páreo para a garota, e acaba sendo facilmente seduzido por ela.

- Tô hospedada num hotel aqui perto. Quer ir comigo até lá? - pergunta a garota, inclinando levemente a cabeça, com expressão sugestiva.
- Eu ainda nem sei nada sobre você, sua maluca. Por que eu faria isso?
- Porque você me quer.
Mais uma pausa. Silêncio absoluto. Intensa troca de olhares.

- Eu tô indo, Ramón. Você vem ou não? - questiona, com ar de superioridade, antes de virar as costas e sair andando.
O calor nunca esteve tão intenso.
- Espera aí, garota - grita Ramón, ao sair correndo atrás dela. - Por que você acha que eu deveria ir?
- Eu não acho nada. Te fiz um convite. Você é quem sabe.

Ramón continua a acompanhá-la, mas, desta vez, sem dizer nenhuma palavra.

- Qual o problema, Ramón? Tá com medo de mim?
- Não. Mas tô começando a achar que deveria.
- Então por que continua me acompanhando?
- Não sei. Mas seu jeito me deixa intrigado.
- Cuidado. Muitos homens já morreram assim.
Pausa.

A conversa não dura muito. Em poucos minutos, eles chegam ao hotel.

- Tá esperando o que pra entrar? - pergunta a jovem, enquanto alisa suavemente seus longos cabelos castanhos.
- Tô aqui pensando num bom motivo pra eu fazer isso - retruca Ramón, com expressão irônica.
- Se não for entrar, fecha a porta antes de ir embora, porque vou me trocar.

Antes que Ramón pudesse vir a tomar qualquer decisão, a jovem começa a se despir, parecendo não se importar com a presença dele. E ela age com extrema sensualidade - ainda assim, de forma natural.
Logo após tirar a parte de cima do biquíni, ela se vira para Ramón e o olha diretamente nos olhos. Pequena pausa. Ninguém mais ligava para o calor.

- Tá olhando o que, cara? Fecha a porta ao sair - diz, mais uma vez em tom de sussurro, esbanjando provocação. Mais uma pausa. Ela definitivamente sabia como provocá-lo.
- Ahhhh garota, você é mesmo maluca! - sussurra Ramón, segundos antes de fechar a porta e se jogar em cima dela, de modo voraz.

Na cama, uma troca de olhares - mais intensa do que nunca - dita o ritmo dos movimentos, que são convincentes e sinuosos.

- Ramón, posso te fazer uma pergunta? - diz a garota, ao forçar suas mãos contra o peito dele.
- Porra, agora?
- Qual a coisa mais louca que tu já fez?
- Sei lá, meu. Estar na cama com uma mina maluca e que eu nem sei o nome com certeza é uma delas.
De todas as pausas, essa foi a mais curta
A garota esboçou um sorriso. 
Ramón permaneceu sério.

O ar condicionado do quarto estava ligado na temperatura mínima, atenuando assim o calor até então agoniante. Apesar disso, o corpo dos dois suava exaustivamente, enquanto traçavam movimentos cada vez mais insinuantes, repetidos incontáveis vezes. Longa pausa. O calor diminuiu. O cansaço se faz sentir.

- Porra, como é que eu vim parar aqui? Eu ainda nem sei seu nome, caralho - desabafa Ramón, enquanto coça a cabeça.
- Mas você ainda tá resmungando por causa disso? Relaxa, cara - diz a jovem, enquanto se levanta da cama, ainda nua.
- Tá com sede? - pergunta, mostrando uma garrafa de água para Ramón.
- Não. Eu tô puto. Como é que é teu nome?
Pequena pausa. A jovem dá um leve sorriso, e permanece em silêncio, entrando no banheiro.

Ramón ouve o barulho do chuveiro, e volta a resmungar, dessa vez para si mesmo.
- Essa maluca filha-da-puta. O que é que ela tá fazendo comigo? Três minutos de reflexão.

Ramón levanta e entra no banheiro, decidido a descobrir informações sobre aquela "maluca filha-da-puta". Quando a vê tomando banho, entretanto, volta a sucumbir, e se junta a ela. Poucos segundos de frustração.
Decepcionado com sua fraqueza, Ramón desconta sua raiva na garota, com movimentos cada vez mais intensos, amenizados pela água quente que cai em suas costas. A jovem o havia seduzido de novo, e, dessa vez, sem dizer ao menos uma palavra.

Enquanto se veste, Ramón não esconde sua frustração. Não obstante, continua obcecado por aquela maluca de cabelos castanhos e voz sussurrante.

- Tu ainda tá puto comigo?

Ramón permanece em silêncio, e se levanta para ir embora.

- Tá indo pra onde?
- Tô indo embora. Você já se divertiu, não é? Agora eu vou voltar pra minha vida. Você é maluca, menina! - diz Ramón, com confiança, antes de fechar a porta do quarto. Pausa.

A garota abre a porta do quarto, e grita por Ramón. Pequena pausa. Ele se vira, olhando-a fixamente nos olhos.
- Prazer, Verônica.

Ramón não demonstra nenhuma reação, e dá as costas para ir embora. Porém, ao virar o corredor, todo o hotel pôde ver o largo sorriso que surge em seu rosto. Seis horas de pausa.

O Sol já não é mais visto. No entanto, o calor continua arrebatador. Mas Ramón não parece se incomodar com isso. Sentado na praia, de volta ao local onde tudo começou, seu pensamento está unica e exclusivamente naquela maluca filha-da-puta, que agora ele sabe que se chama Verônica.
Sua palidez, como já era de se esperar, dera lugar a uma vermelhidão repentina. Degustando a água de coco pausadamente, ele parece distante. Seus olhos miram a imensidão do oceano, mas fazem uma recapitulação precisa de cada detalhe do corpo de Verônica. "Ahhhh Verônica..." 
Ramón sabia que precisava vê-la de novo. 
Ramón sabia que precisava tê-la de novo.

Enquanto pensa no que fazer, Ramón ouve um barulho ao seu lado, seguido de uma voz já conhecida. Meia pausa.
- Posso me sentar contigo, ou tu ainda tá puto comigo? - diz Verônica, em tom sutil, encarando Ramón intensamente.
- Qual é o teu problema hein menina? - rebate Ramón.
- Nenhum. Só não gosto de falar muito de mim.
- Você é maluca.
- Eu sei. Mas você não parece se importar com isso.
- Você que pensa.
- E tu tá preocupado com o quê? Se eu fosse te matar, já teria feito isso há muito tempo.

Aquele tom irônico, estranhamente familiar, deixava Ramón cada vez mais fascinado por Verônica.
E ela sabia disso.
E ele sabia disso.
E eles se beijaram.
E o deslumbre de uma noite de verão se tornou só mais um deslumbre.

- Tô indo pra Fortaleza. Quer ir comigo?
- Do que é que você tá falando, menina?
- Eu sou assim, tô sempre viajando. Passei esses últimos dias no Rio, mas cansei daqui. Tô indo pra Fortaleza essa noite.
- E a virada de ano?
- Vou passar na estrada, ué. Tô acostumada já.
- Você é maluca.
- Eu sei.
8 minutos de conversa pausada.

- Eai, tô indo. Vai comigo ou não?
- Claro que não, sua maluca. Eu mal te conheço.
- Você que sabe, Ramón. Foi bom te conhecer.

Verônica dá meia-volta e entra no carro. Ramón a observa tranquilamente.
Maluca último dia do ano viagem carro Fortaleza calor Verônica intensidade respira recupera o fôlego olha através da janela eu sei que vai passar. No momento, o cérebro de Ramón funciona assim, sem pausas. Intenso.

Verônica coloca a cabeça para fora do carro e arrisca um último sussurro.

- Qual a coisa mais louca que tu já fez?

Ramón sabia o que ela queria dizer.

- Ah, eu vou. Foda-se. É o último dia do ano - gritou, extasiado.

E assim sua vida começava a fazer sentido.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sobre o compasso do coração

Antônimos polivalentes
Hoje, tudo que eu mais queria era sentar na cama e escrever sobre a sensação de pertencer a algum lugar. (Tenho pensado bastante nisso, ultimamente.) Porém, quando o lápis toca o papel, as coisas não saem como o esperado, e o "pertencer" continua sendo algo que não me é familiar.

Lembra da bússola que você me deu, quando completamos 6 meses de namoro? Eu ainda a tenho, mesmo depois de todos esses anos. E eu ainda a uso para me nortear, sempre que pareço estar perdendo o rumo.

E, por mais que façamos de tudo para nos encontrar, nosso amor seguirá assim.

Em ritmo descompassado.

Sinônimos incongruentes
Hoje, tudo que eu mais queria era deitar ao seu lado e te falar sobre a sensação de pertencer a algum lugar. (Eu ando com isso na cabeça, recentemente.) No entanto, quando nossos corpos se tocam, as coisas saem diferente do esperado, e o "pertencer" parece estar desenhado em cada um dos nossos movimentos.

Lembra das coisas que você me disse, logo depois de nos conhecermos? Você nunca mais tornou a repeti-las, mesmo após todos esses anos. Mas eu ainda as guardo na memória, e procuro me guiar através delas, já que você sempre me faz perder o rumo.

E, se por um momento nos sentirmos perdidos, nos encontraremos assim.

Seguindo o compasso do coração.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sobre amores e ensaios

Ensaio sobre amor consensual

- Augusto, por que me encaras tanto?

Percebi que a matemática do amor anda meio desatualizada. Ontem, ao analisar nossas equações, vi que chegamos a resultados diferentes. E, neste caso, a divergência de resultados não é positiva. Nunca foi.
Enquanto calculava a probabilidade de chegarmos a um consenso, incontáveis lágrimas escorriam por toda a extensão do meu rosto, quase como daquela vez em que deixamos o chuveiro ligado simplesmente porque estávamos eufóricos demais para percebermos que a água continuava a cair. Desta vez, entretanto, a euforia não se fazia presente.

Ainda que elevássemos nosso amor a mais alta potência,
não chegaríamos a uma decisão sensata.
Mas, afinal, de que importa?
Nossa matemática nunca foi exata.

Se nosso amor estivesse de alguma forma relacionado com a matemática, ele seria aquela equação de segundo grau, que precisa de fórmula para ser resolvida.

Pena que essa fórmula ainda não foi inventada.

Ensaio sobre amor paradoxal

- Augusto, por que não me olhas nos olhos?

Percebi que a filosofia do nosso amor anda meio desvirtuada. Ontem, enquanto conversávamos, vi que não estávamos mais na mesma página - filosoficamente falando. Ainda assim, o diálogo prosseguiu, rumo ao desalento.
Vamos supor que, de forma filosófica, eu venha buscando a universalização do nosso amor. Sim, ainda me prendo a esse romantismo exacerbado, de modo a querer gritar para o mundo inteiro tudo aquilo que sinto por você. Mas a racionalização desse amor grita mais alto, impedindo o romantismo de ser ouvido. Filosoficamente trágico.

Ainda que filosofássemos sobre amor durante toda a noite,
não nos livraríamos desses malditos paradoxos.
Mas, afinal, de que importa?
Nosso amor nunca foi dos mais ortodoxos.

Se nosso amor estivesse de alguma forma relacionado com a filosofia, ele seria o conceito socrático-platônico de amor.

Pena que, assim como Sócrates e Platão, nosso amor já morreu há tempos.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Sobre ironias e sentidos

Irônico te ver assim, apaixonada mais uma vez.

Eu gosto mesmo é de sentir, sabe? Nunca fui muito bom com as palavras. Jamais soube organizá-las de maneira concisa, a ponto de me fazer entender. Provavelmente por isso eu goste tanto de ouvir.
Se eu te falasse que não gosto muito de monossílabas, você acreditaria? Pois é. E coube justamente a ti interpretar o papel de decepção monossilábica em minha vida. Trágico.

Minha visão também não é das melhores. Ainda assim, passei os últimos meses observando as indas-e-vindas do nosso amor. E não desgrudei os olhos de ti. Nem ao menos uma vez.
Se eu te falasse que adoro sentir tua respiração bem próxima ao meu pescoço, você acreditaria? Me identifico também com o tom crescente e calmo da sua voz. E com os arrepios que você me faz sentir toda vez que conversamos.

É, eu definitivamente não gosto de monossílabas. Talvez esse seja o motivo de o meu coração entrar em um tic-tac desritmado a cada vez que te vejo ansiar pelo "fim".
Se essa história representasse alguma parte do corpo humano, eu gostaria que fosse o pulmão. Afinal, mesmo depois de tantos entreveros, ainda temos fôlego para mais uma rodada. Só espero que desta vez os dados me favoreçam.

Irônico te ver assim, apaixonada mais uma vez. Estranho não ser por mim.