domingo, 23 de dezembro de 2012

Alice

PREFÁCIO

Fascinado por musicais e com aspirações literárias, Greg está no último ano do ensino médio e ainda não tem a menor ideia do que pretende cursar na faculdade. Introspectivo, abalado pela morte do pai e recém-chegado à São Paulo, ele passa por um difícil período de adaptação. As coisas parecem melhorar quando a mãe de Greg o matricula em um curso de fotografia, onde ele conhece Alice, uma garota fascinante e de beleza não-convencional, que o encanta à primeira vista e lhe faz entrar em contato com sentimentos que ele até então sequer sabia que existiam.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Boa noite vizinhança

"Quando, com um passo, tu ficas dois passos mais distante, é porque ela também está indo embora."
Obrigado. É, chegou a hora de dizer adeus, e te agradecer me pareceu a forma mais singela de fazer isso sem ser rude ou algo do tipo. Acho que o comprometimento nunca chegou a ser o nosso forte, e foi aí que pecamos. Apesar disso, te agradeço. Obrigado pelo gole de café, e, acima de tudo, pelos vários cafunés.
Confesso que é estranho começar a traçar planos e ver que você não está mais envolvida neles. Confesso que é difícil tentar uma aproximação e acabar me afastando cada vez mais. E foi acontecer logo comigo, que nunca gostei de despedidas e nem de longas distâncias. Prepóstero.
Esses pedaços de mim espalhados pelo teu caminho eram para você se guiar. Pena que você recusou ajuda. Você recusou ser ajudado e recusou o que eu tinha para te oferecer. Para você foi pouco. Tudo que foi feito, foi pouco. Tudo que foi dito, foi pouco. Para mim, foi muito. E é aí que a gente se diferencia.
Ei, espera. A nossa música ainda não terminou, e eu realmente não queria cantar sozinho. Sei que você prefere ir, mas não é assim que deveria ser. Eu só não queria dizer adeus, mas a verdade é que eu cansei de esperar por alguém que eu sei que não vai mudar.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Carta ao homem invisível

Hoje eu resolvi falar sobre a invisibilidade. Sim, o fato de eu ainda não ter conseguido entrar no teu campo de visão incomoda, e me faz querer escrever sobre isso toda vez que eu encosto o lápis no papel. Hoje eu sou capaz de dizer que a solidão machuca, mas não tanto quanto a invisibilidade. Afinal, cadê você que não me vê?
Esqueça a invisibilidade engrandecida pelos filmes, não é disso que estamos falando. A invisibilidade real é tão clichê que na maioria das vezes passa despercebida, e é aí que está o problema. Perdidos e com medo, diante de um ciclo ininterrupto de oportunidades desperdiçadas, a gente se ausenta. E a gente se ausenta tanto, que uma hora deixamos de fazer falta. Começa aí o princípio da invisibilidade.
Diferentemente de você, a saudade se faz presente. E por mais que você se recuse a acreditar, a invisibilidade realmente está relacionada com a saudade. Não posso afirmar que sinto saudade, afinal não te vejo há tempos. E saudade não é vazio, é presença; presença de algo que não está mais ali. Justamente por não te ver, eu te sinto.
Fui obrigado a dar uma pausa. Eu estava enlouquecendo de tal forma que, para tentar me livrar desse "complexo de invisibilidade", decidi transcrever meus pensamentos sobre aquilo que julgamos invisível. Estava quase amanhecendo, o lápis já estava sem ponta e minha caligrafia trêmula indicava que o texto, infelizmente, ainda não possuía previsão de término.
Caminhando ao lado da saudade e seguindo o caminho traçado pela invisibilidade, eu me perco. O incrível é que, indo de encontro ao fluxo principal de toda essa invisibilidade, eu me enxergo. Não sei quanto tempo essa sensação vai durar, mas também não tenho com o que me preocupar, afinal, essas são as vantagens de ser invisível.