sexta-feira, 30 de setembro de 2011

000-005


Hey Avião para onde vais? E quem você carrega contigo? Viajando tão livremente pelo céu carregando tantos sonhos, é impossível imaginar todos os motivos, é impossível presenciar a emoção de cada coração a bordo de ti.

Hey Avião como tu és generoso e ao mesmo tempo tão rigoroso com as pessoas, traz a felicidade e no mesmo instante pode levá-la embora? E Avião como consegue manter tantos segredos a bordo de ti? Porque faz tantas pessoas chorarem? Você carrega nossos amores, cria nossas maiores dores, você nos leva para longe de tudo que nos machuca, você nunca sabe de que forma nos agradar, nunca sabe quando partir ou a hora de chegar. Você é tão confuso Avião.

HEY Avião você levou tudo que eu tinha para longe, será que vai me devolver um dia? Você caiu quase como um meteoro, catástrofe, você tomou tudo que tínhamos em apenas um instante, como é ser o bem e o mal? Trará tudo de volta agora? Como não pode?...

HEY avião cadê os meus lugares favoritos? Cadê o ar que eu tanto amo respirar? Você levou a minha vida e a esqueceu em um portão qualquer.

Avião porque voa para tão longe? E como é estar lá em cima indo para todos os lados sem nenhuma direção? Acho que você está perdido assim como eu... É pequeno avião, a vida não é justa com ninguém. Como dar direção a alguém se você nunca encontrou alguma? Mas continue voando e quem sabe algum dia encontre seu destino.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

615-421

Aquela ventania insana de inverno contrastava com o calor que se dissolvia pelo corpo da jovem. Seu coração palpitava fortemente e ela tinha a sensação de que ele sairia por sua boca.
A luz proporcionada por um isqueiro era a única coisa que iluminava o local. O semblante da jovem era aterrorizante, ela não conseguia conter suas lágrimas, que desciam constantemente pelo mesmo rosto que um dia já havia exibido um belo sorriso.
O vento fazia um barulho assustador quando entrava em contato com as árvores gigantescas que se encontravam no local. Os galhos dessas árvores completavam o cenário típico de filme de terror.
Ela era apenas mais uma jovem com o desejo de mudar o mundo em que vivia, mas que agora estava perdida, sozinha e se sentia completamente impotente.
Ela teve a ousadia de levantar sua voz contra a opressão que sofria simplesmente por ser diferente, ela lutou bravamente até o fim, mas manter-se de pé em uma guerra contra toda a humanidade hipócrita dos dias de hoje é realmente difícil.
Sua mente pensava em dizer coisas que sua boca já não conseguia, pois seus dentes batiam violentamente uns contra os outros, de tão intenso que era seu choro.
Um aperto vinha de encontro ao seu peito, que já não suportava mais tanta pressão. A tristeza se misturava com o ódio, ódio perante um mundo cruel e uma sociedade esmagadora.
Que porra de mundo é esse que isola as pessoas simplesmente por elas serem diferente daquilo que a maioria costuma ser? Que porra de sociedade é essa que assiste a toda essa palhaçada sem mover um dedo?
Essa jovem se moveu, queria um pouco de paz nesse mundo repleto de guerras, queria colocar um pouco de cor nesse mundo preto e branco, mas sozinha ela era apenas um pequeno inseto, que foi facilmente esmagado nesse mundo habitado por gigantes impiedosos.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

519-315

Já não sou o mesmo de antes, estou longe daquilo que costumava ser. Fui julgado, fui humilhado, fui olhado de cima a baixo, me tornei mais uma vitima desse mundo cruel que não tem piedade alguma dos seres que o habitam.
Me tornei um animal sob a perspectiva humana, hoje sou alguém em que não se pode confiar, nem eu mesmo confiaria em mim.
Me tornei irreconhecível, sou apenas mais um humano vagando desolado por esse mundo ridículo.
Quando pequeno, imaginava varias coisas para o meu futuro, tinha um ideal de perfeição, gostaria de ser aquilo que sempre sonhei. Pena que nesse mundo capitalista você não sonha, você apenas segue comandos, nada do que você pensa tem valor.
Hoje posso dizer que vivo num mundo de dúvidas, onde a incerteza é a principal certeza. Não planejo mais meu futuro, apenas me deixo guiar pela vida, apesar de saber que ela pode ser cruel comigo.
É realmente necessário viver num mundo como esses? É realmente preciso viver baseado em incertezas? Não sei responder essas questões e nem quero. Tudo que farei é tapar os ouvidos, fechar os olhos e sonhar com meu próprio mundo, pois nele ninguém tem o direito de me impedir de sonhar.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

147-394

Um silêncio tão ensurdecedor que faz a sua alma divagar por um espaço de tempo que seria incontável para a mente humana. Um silêncio que tem a capacidade de te fazer refletir, de te fazer amar e acima de tudo, te fazer sonhar.
Não importa o quão alto você cante, o quão alto esteja o teu fone de ouvido, o quão chato seja o assunto que as pessoas que estão ao teu lado estejam conversando, nada disso importa quando o silêncio está na sua cabeça. Ele toma conta de tudo, de cada abertura, de cada memória e de cada pontinha de chateação que possa existir.
Pergunto-me diariamente como seria a vida daquele surdo-mudo, que está totalmente habituado a viver no silêncio. Pergunto-me como seria este mundo, se cada um de seus habitantes fosse surdo-mudo e pergunto-me principalmente, como seria esse complexo de existência caso tivéssemos o direito de dormir eternamente, e viver vagando cuidadosamente, por um mundo repleto de imaginação, mas com o volume voltado para o zero.

245-656

Uma fria noite de inverno, tão fria que seus lábios permaneciam trêmulos apesar do excesso de roupas e da lareira acesa.
A escuridão tomava conta do local, só não estava mais escuro pois a bela alma do jovem iluminava aquilo que poderia ser um breu completo.
O silêncio era assustador, só não era maior pois ouviam-se murmúrios de um jovem perdido e desamparado.
Aquela choupana no meio do nada agora lhe servia de lar, lá era o único lugar em que ele encontrava a paz para colocar seus pensamentos em dia. Eram pensamentos sem uma linha de raciocínio traçada, pensamentos que clamavam pelo nome de alguém que já não estava mais ali. Era um jovem apaixonado e que assim como muitos outros, decepcionou-se com a pessoa que julgava conhecer e amar.
Perto dali ouviam badaladas do sino de alguma igreja abandonada. Essas badaladas interromperam por alguns instantes aquele silêncio que dominava o local e se misturaram com os pensamentos daquele jovem que permanecia ali, trêmulo de frio e doente de amor.

321-789

Eu me perdi nesse mundo escuro da solidão, um mundo onde nada possui sentido, um mundo do qual qualquer humano fugiria ou temeria.
Eu me perdi entre números complexos, que só conseguiram me deixar mais confuso ainda.
Me perdi entre versos estranhos e compridos, versos que apesar de serem bonitos, me guiaram para um caminho do qual eu não fazia idéia de onde ia terminar. Talvez esse caminho tenha me trazido para o mundo da solidão, porém não posso afirmar, aqui nesse mundo você não tem certeza de nada.
Me perdi naqueles refrões que adoro, fui traído pela música, me desconectei do real, vim parar na solidão.
Eu me perdi numa simples junção de palavras, palavras que quando separadas, possuíam um sentido completamente diferente.
Eram pensamentos vagos e desconexos, pensamentos que tiraram meus pés do chão, me deram asas e me fizeram voar por um mundo repleto de imaginação, um mundo que eu não conhecia, mas nada disso importava, pois você estava ali, foi aí que me perdi.

181-274

Num cenário digno dos melhores filmes americanos, via-se um jovem parado a beira de um precipício, estava tentando o suicídio, poucos segundos selariam o seu destino.
Dizem que este jovem costumava ser muito alegre e brincalhão, pessoa ótima de se conviver. Dizem também que possuía um sorriso lindo e cativante, capaz de iluminar tudo o que estava a sua volta.
O que ouve-se na vizinhança é que esse sorriso possuía um nome, ou melhor, uma razão para estar ali; era a Maria. Quando estava com a Maria, este jovem transformava-se na pessoa mais feliz do mundo. Ela era sua felicidade, seu sorriso, seu pensamento e seu principal motivo de levantar da cama todos os dias.
Ao lado dela tudo podia ser perfeito, havia esperança para o mundo, havia uma luz no fim do túnel. Não importa o quão incrível fosse o dia desse jovem, ele sabia que ao lado da sua Maria, o dia seguinte seria melhor ainda, só pelo fato de ela estar com ele.
Porém um dia essa harmonia foi quebrada, a Maria não estava mais ali, morrera de uma forma tola e revoltante, fora atingida por uma bala perdida, tornou-se mais uma vitima do sistema, mais uma pessoa adicionada às estatísticas de crime nesse país.
Dizem que nenhuma lagrima foi derramada do rosto do jovem, porém isso já era de se esperar. O jovem estava totalmente conectado a sua amada, sem ela por perto ele era apenas uma casca, sem sentimentos ou emoções.
E agora ele estava lá, a beira do precipício, olhando o pôr do sol como costumava fazer com sua Maria. O jovem sorria de uma forma intensa, de um jeito como nunca havia sorrido antes. Estava preste a encontrar novamente sua querida Maria e não estava disposto a passar mais um minuto sequer sem ela.

Ps: O corpo desse jovem foi encontrado poucas horas depois, já sem vida. Mas apesar do corpo irreconhecível pela queda, algo iluminava o ambiente. Era o sorriso de um jovem que estava novamente ao lado de sua amada.