sexta-feira, 7 de setembro de 2012

nada.

Parou em frente ao espelho e observou o teu semblante por horas. Tentou decifrar alguns enigmas que estavam escondidos sob a pele, só não conseguiu perceber que os enigmas estavam por todo lugar, inclusive onde ele menos esperava.
O brilho, dos olhos desapareceu, perante o esquecimento inevitável. O grito, com o tempo emudeceu, perante um sentimento insustentável. O sorriso, do rosto desapareceu, perante o sofrimento incontestável. Irreal. Surreal. Inabalável. Os diagnósticos possíveis são muitos. Os prováveis são alguns. São várias as teorias e elas vem de todo lugar, mas só uma realmente importa. E não, eu não falo da dor. Eu falo da angústia que é não sentir nada. Eu falo da vontade perturbadora de saber quanto dura a abstinência do nada.

São diversas noites de auto-medicação. Se expôs à uma amnésia auto-conduzida, numa tentativa desesperada de tentar evitar a explosão. Mas o óleo já estava prestes a se encontrar com as faíscas. E será luminosa a explosão, assim como o meteoro que visita meus sonhos toda noite, no exato momento em que meus olhos ameaçam encontrar as órbitas.
Sim, a incompatibilidade com o restante do universo incomoda, e às vezes parece que isso é apenas um capricho da vida, que tenta te fazer acordar e refletir a respeito dessa tamanha desilusão. Mas cá estamos, desiludidos e desamparados, esperando a salvação que não virá do céu. Do céu, só virá a chuva, com a função de misturar-se às lágrimas que caem continuamente dos nossos olhos. 

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