domingo, 21 de outubro de 2012

máscaras.


Trancado dentro de um mar de solidão, eu me escondo. Me coloco debaixo de todas essas ilusões e mascaro a minha própria realidade, na tentativa de não ser visto novamente. A máscara que criou-se ao meu redor, hoje estampa a incerteza que nossa vida se tornou. Essa máscara não me impede de ver o que andas fazendo comigo, já que toda máscara tem duas aberturas na área dos olhos, para que, mesmo quando privamos o mundo de ver nossa verdadeira face, consigamos, ainda assim, enxergar. 
No entanto, são justamente os olhos que desmentem as máscaras. Eles estão e estarão para sempre lá, descobertos. E eu, da mesma forma que você, mesmo vivendo em um interminável baile de máscaras, já aprendi a olhar através da porcelana, para fitar os olhos tristes que estão logo acima do sorriso radiante. Porém, o que eu enxergava era tão bonito que me parecia apenas a mais bela máscara do baile, uma plástica distração que me transformaria em um mero fantoche, hipnotizado por aquela face que ostentava dolorosa beleza. Até hoje apalpo teu rosto procurando emendas, desníveis, vestígios de cola ou encaixes bem-feitos. Sem sucesso algum. 
A emenda, constitui um círculo vicioso, que te transformas em algo que há tempos não és. O desnível, te faz subtrair emoções que há tempos não possuías. Os vestígios são falsos, e não mais existirão. A máscara, que hoje mostra teus olhos e aflige teu coração, faz com que o encaixe permaneça bem-feito, tal como o encanto descrito nos olhos daquela que um dia, já se fez entender.
Me deixei ser levado por tamanho encanto, e hoje sigo flutuando em simples nuances de voz, sussurros inesperados e intrincados escritos, apenas esperando por uma máscara que, por meia-hora que fosse, me fizesse sentir como na meia-hora seguinte.

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