Impossibilidade 1:
"Cara, você acredita no amor?" Não.
Por que não me visitas?
O telefone tocou. Atendi ao primeiro toque. Do outro lado da linha, uma voz estranhamente familiar - e que há tempos eu não ouvia - me fazia uma proposta irrecusável. A voz, doce e terna, conflitava com a minha afobação ao ouvi-la. Pouco tempo depois, lá estava eu, amando novamente.
Aquele antigo, doce e quase extinto tipo de amor estava de volta. E, de fato, ele não veio só. Trouxe consigo uma espécie de "calefação", que se tornou responsável por boa parte dos acontecimentos decorrentes. O coração, antes gélido, agora se encontra na temperatura ideal, aguardando ansiosamente pelo termômetro da tua presença.
Sim, nosso amor está a salvo.
Impossibilidade 2:
"Cara, você acredita no amor?" Sim.
Por que insistes em me visitar?
Fiquei esperando a noite inteira por um telefonema que não veio. Decidi, então, espiar através da janela, numa tentativa patética de te ver pela última vez, ainda que fosse apenas por alguns segundos. Tuas cortinas estavam fechadas.
Aquele confuso e famigerado amor estava de volta. Junto com ele, uma nefasta e conhecida sensação de insegurança, que me acompanha desde então. Ao fitar as estrelas, me recordo vagamente de te ouvir vociferar andrômedas e ursas menores, proliferando constelações de sentimentos em mim. A lembrança permanece. O vazio também.
Sim, nosso amor está em apuros.