terça-feira, 29 de novembro de 2011

666-666

Um dia de melancolia, uma noite em que as estrelas fugiram entre meus dedos, mãos estendidas ao relento e um coração vazio e petrificado esperando receber um pouco de amor.
Uma vida sem roteiro, uma tortura sem previsão de término, um fim sem o menor dos sentidos.
O sol está nascendo de novo, como se fosse um alivio, um alivio sem sentido, um alivio deturpado que eu não queria sentir, mas que hoje me permite respirar fundo e entender o que eu não conseguiria entender há um tempo.
Um sopro, o sussurro, os passos que me levam a lugar nenhum, o silêncio que destrói a minha mente. Os dias, os instantes, o final ou apenas o momento. Uma batalha interminável, um sofrimento opcional, palavras que escorrem pelos teus olhos e morrem nesse caminho complexo. Pobres palavras, jamais terão conhecimento sobre seu desfecho, jamais saberão aquilo que podem proporcionar.
Mentes fracas, influências covardes e um desespero corporal que causa medo até mesmo nos mais durões. Mas o medo se torna escasso quando há algo que o proteja fielmente, algo que lhe dê segurança mesmo na mais triste das circunstâncias, algo que lhe proporcione conforto mesmo no mais sádico dos refrões.
Um pingo na janela que cai e flutua como uma gota de magia que talvez exista, que talvez me dê esperança, que talvez me permita sonhar, se é que posso fazer isso . . .
Um lápis de cor com o poder de mudar o mundo, um caminhão carregado de sonhos, um mundo imaginário onde as proporções são surreais e os sentimentos não existem. A vida refletida em uma maré de baixo astral, em uma colmeia de solidão e em uma imensidão preta e branca. . . que já implora por esse pequeno lápis de cor.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

278-105

Um refrão mal conduzido, versos que jamais serão publicados, palavras perdidas nessa imensidão gelatinosa que costumamos chamar de mundo. Uma derrota por questão de segundos, uma injustiça cometida, um conto de fadas sem um final.
A queda foi dolorosa, pareceu perdurar durante uma eternidade. Nesse céu habitado por pássaros, um corpo humano roubava a cena, porém pelo motivo errado. Os pássaros sabiam que aquilo não estava certo, mas já não ligavam mais, sabiam que isso voltaria a acontecer querendo eles ou não. Os pássaros já não cantam mais, cansaram de se esforçar, perceberam que já não valia mais a pena.
Gritos agudos já não seriam mais ouvidos, o som do violão estava calado para todo o sempre, vozes malignas ensurdeciam o ambiente. O que fazer? Se entregar? Lutar pelo mesmo ideal sabendo que isso não te levará a nada?
Um ideal falho, um amor não correspondido, uma garota perdida no espaço. Pobre Thaina, o destino não quisera lhe corresponder. Pobre sejam os corações humanos, que se apaixonam mesmo sabendo das dolorosas conseqüências trazidas por esse sentimento.
Uma história sem final, uma ponta branca no meio dessa imensidão azul, uma pessoa sem coração . . . um mundo sem sentimentos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

496-111

Um verbo não conjugado, palavras que não foram ditas, oportunidades desperdiçadas, mentiras tão explícitas. Onde foi parar o amor?
Um arrependimento momentâneo, uma contagem regressiva, feridas que jamais serão fechadas, margaridas que jamais se tornarão rosas.
O eixo romântico da vida, lábios lacrados de forma que palavras não conseguem ser proferidas . . . um corpo estático apenas esperando pelo desfecho final.
A saudade surge no horizonte, a beleza desperta na escuridão, a solidão consome de todas as formas, pobre beleza que é vista em vão . . .
Uma viagem para o mundo dos sonhos, sonhos que jamais serão concretizados, fantasias realistas e simples que foram compradas por meros centavos, pobre seja aquele que as vendeu, a tristeza sobre seu mundo se abateu.
A paralisia se acerca sobre a areia, o mar se aproxima lentamente, consumindo tudo o que está a sua frente. O mar roubou as declarações, sumiu com os versos e correu com os refrões. Pobre bailarina que jamais poderá se declarar, terá de se contentar com aquilo que lhe restou, com aquilo que lhe deixaram.
A bailarina sobreviveu, foi ajudada de uma forma surreal, incompreensível aos olhos humanos, cobiçada pelos deuses. Uma fresta se abriu no horizonte, liberando o caminho para todos que quisessem seguir por lá . . .
Uma simples fresta no horizonte, uma pequena interrupção entre duas lacunas impostas pela vida, um ato de coragem, uma covardia subjugada pelo mundo.
Uma corrida ao infinito, que era essencial aos olhos daqueles que já acreditaram na vida um dia, que já sonharam acordados pelo menos durante alguns segundos. Essa corrida não possui competidores, jamais possuirá vencedores, são meros viajantes, tentando descobrir algo que lhes possa ser fundamental para seguir trilhando esse caminho cheio de obstáculos intransponíveis e maldições tentadoras. São navegantes do mar da solidão, que tendem a acabar assim, alegando fé para preencher sua existência mesmo que seus corpos estejam implorando por clemência.