Na manhã de hoje, eu estava a caminho da faculdade quando percebi que estava sem dinheiro no bilhete único, e por isso parei para fazer a recarga. Eu pego metrô na estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna, linha azul do metrô, e lá o problema é frequente: as máquinas que fazem recarga vivem quebradas ou dando erro. Por isso, enquanto aguardava minha vez de fazer a recarga, torcia ferozmente para que elas estivessem funcionando. Mas minha torcida foi em vão.
Me encaminhei para fazer a recarga com cartão de crédito; encarei a fila e me dirigi a uma das máquinas, mas o terminal estava "sem conexão". Voltei para o final da fila e fui tentar na outra máquina (a estação Jardim São Paulo só possui duas máquinas para fazer recarga), mas sem sucesso. Este tipo de erro é comum, e, quando isso acontece, sou obrigado a fazer a recarga com dinheiro. O problema é que desta vez eu tinha apenas dois reais em moedas (duas moedas de um real). Como vocês devem saber, estas máquinas não aceitam moedas. Por isso me dirigi à bilheteria para que a pessoa do guichê pudesse me fornecer uma nota de dois reais em troca das minhas moedas. Mas quando propus essa troca, veio a surpresa: eles não fazem trocas. Pelo menos foi isso que a mulher do guichê me disse.
Vendo o problema, tentei colocá-la a par de minha situação. Expliquei que fui fazer a recarga com o cartão, mas que o terminal estava "sem conexão". Também lhe disse que eu só possuía aquelas duas moedas de um real, mas que as máquinas não aceitavam moedas. Falei que se ela não trocasse minhas moedas, seria obrigado a retornar para casa para buscar dinheiro - algo improvável, já que eu não tinha dinheiro para pegar o ônibus de volta para casa. "Não posso fazer nada", foi tudo que ela me disse.
Fiquei abismado com a resposta, mas continuei insistindo, tentando, em vão, explicar o meu drama para ela. "Senhor - me chamou de senhor! Era educada, a moça -, eu já disse que não há nada que eu possa fazer. E o senhor está atrapalhando os outros usuários." De fato, eu estava. Quando me virei, uma fila consideravelmente grande se formava atrás de mim. Mas é óbvio que se formaria fila, já que havia somente um guichê para atender todas as pessoas. Isso porque era horário de pico! Este, aliás, é outro problema frequente daquela estação.
Como eu não estava disposto a cogitar a possibilidade de voltar para casa, tornei a argumentar com a moça, já visivelmente irritado com a situação e com a falta de consideração dela. Enquanto eu discutia, um desses funcionários que fazem a segurança do metrô se aproximou de mim e "pediu" para que eu ficasse quieto, pois eu estava "causando transtorno no ambiente". Agora imaginem a minha situação: sem conexão, sem dinheiro - na verdade, com dinheiro, porém em moedas - e sem nenhuma consideração por parte da atendente. E quando vou reclamar ainda sou silenciado pelo segurança. Era a manhã dos sonhos.
Já que eu não tinha nada a perder, tentei argumentar com o segurança também. Expliquei toda a minha situação, falei sobre a conexão, sobre as máquinas, sobre as moedas e sobre a falta de vontade da atendente em resolver o meu problema. "E você quer que eu faça o quê?", ele disse. Para uma pessoa irritada, ouvir esse tipo de resposta só piora a situação.
A esta altura, a fila estava gigantesca e eu discutia com o segurança e a atendente, sendo ouvido atentamente pelas outras pessoas que estavam na estação. Observando a minha situação, um dos rapazes que estava na fila entrou na discussão e se ofereceu para trocar as minhas moedas por uma nota de dois reais. Ele também reclamou com o segurança, dizendo que este tipo de situação acontece com frequência e nada é feito para resolver. Se este rapaz não tivesse interferido, eu provavelmente estaria lá até agora, sofrendo com a desorganização e a falta de respeito de funcionários de uma estação que recebe um bom número de usuários diariamente.
Na volta, outro problema: a SPTrans estava sem sistema, e por isso recargas não poderiam ser feitas. Neste tipo de situação - frequente também -, você é obrigado a encarar uma fila quilométrica para comprar um passe unitário na bilheteria. E os usuários, sem ação e já acostumados com este tipo de problema - o que é um absurdo, por sinal -, abaixam a cabeça e o fazem, sem reclamar.
Os problemas são frequentes: máquinas quebradas; máquinas que só aceitam dinheiro, já que a opção de pagar com cartão de crédito vive dando erro; sistemas que falham a todo instante e uma absurda falta de vontade/respeito por parte dos atendentes. Como se não bastasse, a partir do próximo dia 2/6, o preço da passagem subirá para R$ 3,20.
Brasil, um país de todos.